A redução dos índices de vacinação em Santa Catarina em 2022 é alarmante na comparação com os totais alcançados em 2016. O assunto foi destaque durante audiência pública convocada pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa para a prestação de contas quadrimestral da Secretaria de Estado da Saúde (SES).

A poliomelite, que tinha 92,65% de vacinação em 2016, tem um índice atual de 69,88%. A situação é de gravidade semelhante no caso das vacinas BCG (61,25%), rotavírus (69,65%), pentavalente (70,66%), tríplice viral (71,63%), tetravalente 60,81%) e para o combate à meningite C (70,94%), pneumonia (72,63%), hepatite A (67,02%) e febre amarela (59,57%). Há seis anos, a maior parte delas contavam com taxas superiores a 90%.

A Superintendente de Planejamento em Saúde da SES, Carmen Regina Delziovo, citou que Santa Catarina está no limiar de ter novos casos de paralisia infantil, uma doença que já estava erradicada no Brasil desde 1994. “O Estado tem recursos disponíveis para que os municípios ampliem a vacinação e façam contratação de equipes. Mas, apesar disso e de uma campanha estadual informativa sendo veiculada, só 33% das cidades atingiram a marca de 95% de população vacinada, que seria a cobertura ideal”, lamentou.

Superintendente de Vigilância em Saúde, Eduardo Macário, comentou que este é um dos momentos mais críticos no combate a doenças, mesmo com Santa Catarina tendo passando pela pandemia de Covid. “Há uma baixa cobertura de imunizantes importantes, que serviram para eliminar doenças como sarampo, rubéola, paralisia infantil e difteria. A população infantil está muito exposta”, relatou.

Na opinião dele, um dos motivos é que as vacinas são “vítimas” do próprio sucesso. A partir das gerações vacinadas, as doenças foram eliminadas, então há quem questione a necessidade de se manter a vacinação “Mas muitas doenças ainda existem em muitos países e o Brasil tem um fluxo muito grande de viajantes que vão para lá com o risco de trazer as doenças”, alertou Macário.

Outro motivo – certamente o mais grave – é a existência da disseminação de notícias falsas pela Internet e redes sociais. “Se as vacinas não fossem aplicadas não teríamos a qualidade de vida que temos, não existiria a diminuição de mortes infantis”, assegurou o superintendente.

Questionados pela Comissão de Saúde sobre o enfrentamento ao problema, os representantes da Secretaria disseram que outras ações estão sendo colocadas em prática. Dos recursos financeiros, por exemplo, há a orientação para as prefeituras aplicarem os valores na manutenção dos postos de vacinação funcionando durante os finais de semana.

Existe a orientação também para a manutenção dos postos abertos no horário de almoço das cidades menores e, nas maiores, para ampliar os horários de vacinação. De acordo com Macário, um entrave vem acontecendo nas regiões industriais de Santa Catarina. Há a dificuldade de os empregadores liberarem os empregados para se vacinarem e levarem os filhos para vacinação. “Casos de paralisia infantil foram detectados nos Estados Unidos, onde o índice de vacinação é de 70%, número muito parecido com o status atual em Santa Catarina, que regrediu muito nos últimos anos”, alertou.

Investimentos
Os deputados integrantes da Comissão também foram informados sobre os investimentos do Estado na área de saúde. De acordo com o relatório apresentados, dos R$ 5.684.995.303,59 disponibilizados no Orçamento para o Fundo Estadual de Saúde, foi empenhado 78,79% (R$ 4.479.267.277, 96). Deste total, já foram liquidados R$ 3.377.946.363,03 (75,41%), dos quais 95,90% foram pagos.

Do Fundo Catarinense para o Desenvolvimento da Saúde, dos R$ 817.328,75 previstos, foram empenhados R$ 811.029.82 (99,23%), liquidado e pago R$ 811.029,80 (100%). Além disso, no Fundo Estadual de Apoio aos Hospitais Filantrópicos, Hemosc, Cepon e Hospitais Municipais, a dotação orçamentária era de R$ 78.104.114,52, cujo empenho chegou aos 73,89 % até agosto, com 72,90% do total liquidado e, deste volume, 100% já foi pago.

Fonte: Alessandro Bonassoli / Agência AL