Era uma época de carnaval, eu estava prestes a ir desfilar pela Escola de Samba Dascuia, a
última a entrar na Passarela Nego Quirido, em Florianópolis. A minha escola preferida da
vida inteira, e não queria perder tempo… Havia me preparado muito, e o momento de
conquistar o título, surgia na minha mente. Porém, minha esposa não desejava que eu viesse
a ausentar-se, sempre procurava me pôr para baixo, dizendo: – Ou Eu ou a Escola de Samba!
Como viver desta forma?


Eu me perguntava. Amo tanto o desfile de Carnaval, mas também sou apaixonado pela
minha doce mulher. Esta época do ano, nossas brigas eram intensas. Chegamos a nos agredir
verbalmente. Ela me acusava de não dá atenção merecida. E não foi diferente, aos berros,
Cintia, a luz da minha vida, abriu a porta de casa, e em lágrimas me falava: – Saia da minha
história! Eu não aguento mais estar no último lugar do seu coração. Isso foi para mim, uma
longa espada a penetrar minha carne, meu peito rasgado de cima a baixo.


Num desfile na Nego Quirido, fui entrevistado por uma reporte. Nunca havia me interessado
por ninguém que não fosse Verônica, a minha mulher. Naquele momento, diz a repórter: –
Quer jantar reservadamente comigo? Ela não respondeu como eu gostaria, mas entregou um
cartão com seus dados. Lá constava, endereço de seu apartamento, telefone, e-mail.
Então lembrei-me de que eu ainda amava a minha esposa, e voltei para casa. Prometi: – De
hoje em diante, irei dar mais atenção e valor a você Verônica, que me fez enxergar o erro que
eu tinha cometido. Sentada no sofá, ela levantou-se, veio até mim, e beijou-me.