O jornal Le Parisien escreve que o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, “foi recebido como uma estrela de rock” por apoiadores próximos a Donald Trump, no Estados Unidos, durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), em Washington, no sábado (4), evento que reuniu os principais nomes da extrema direita dos Estados Unidos.
Instalado na Flórida desde o final de dezembro, Jair Bolsonaro, 67 anos, julgou que sua relação com o ex-presidente Trump é “simplesmente excepcional”, afirma o diário francês, lembrando que o brasileiro é frequentemente chamado de “Trump dos Trópicos”.
No último dia da CPAC, a grande convenção política conservadora organizada esta semana nos subúrbios de Washington, Bolsonaro falou para uma plateia lotada com a ajuda de um tradutor. O Parisien escreve que ele “tocou em todos os temas caros à direita americana, desde os direitos dos transgêneros, às críticas à vacina contra a Covid-19, até a ameaça socialista”.
O jornal Le Figaro destaca que o ex-presidente brasileiro questionou a sua derrota em outubro, assim como havia feito Trump. “Bolsonro persiste em questionar a vitória de seu rival”, destaca a reportagem. “Tive mais apoios em 2022 do que em 2018 e não entendo porque os números dizem o contrário”, discursou, sob os aplausos do público.
Refúgio americano
A imprensa francesa afirma que o ex-capitão do Exército refugiou-se nos Estados Unidos no dia 30 de dezembro, pouco antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 1º de janeiro, recusando-se como manda a tradição a entregar a faixa presidencial ao seu sucessor. No entanto, ele indicou recentemente que queria voltar ao Brasil. “Sinto que minha missão não acabou”, disse Bolsonaro, no sábado.
O jornal Libération apresenta Bolsonaro como “novo residente da Flórida, onde aguarda um processo perante o Supremo Tribunal Federal por sua suposta participação na invasão de Brasília, no dia 8 de janeiro”. Em seu discurso sucinto em português e rigorosamente cronometrado, “Bolsonaro vangloriou-se de seu governo e repetiu o lema ‘Deus, pátria, família e liberdade’”, destaca o Libé.
Citações contra a “ideologia de gênero”, o aborto e as ameaças que seu sucessor [Lula] faria ao princípio da “propriedade”, “um dos pilares da democracia” brasileira rechearam o discurso de Bolsonaro, de acordo com o Libération. O ex-presidente também fez declarações apaixonadas ao seu país, convidando o público a visitar a “Amazônia que é só nossa”. Um país onde afirma ter “semeado muito” e que revelou “muito potencial”.
Libération encerra a reportagem dizendo que a última fala de Bolsonaro foi dirigida ao “povo americano, que sempre admirou”, e ao seu modelo: “É essencial dizer que a minha relação com Donald Trump foi simplesmente excepcional”, afirmou o político conservador, “antes de assistir ao discurso de Trump da primeira fila”, o “lugar dos bons alunos”, conclui o jornal francês.
Fonte: Maria Paula Carvalho