Produção do Agricultor Guilherme Lopes, de Alfredo Wagner, após ser negociada. Foto: Arquivo / Gulherme Lopes

A safra de cebola, em Santa Catarina, está em fase de comercialização e com boas notícias para os agricultores. A produção da safra 2022/23 chegou a 551 mil toneladas da hortaliça, a maior dos últimos seis anos. Com os bons preços recebidos em comparação com a última safra, a expectativa é que o valor total da produção supere R$ 1 bilhão, o que é um recorde para o Estado.

Conforme o analista de socioeconomia e desenvolvimento rural do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), Jurandi Gugel, esse resultado é histórico para o segmento.

Um dos motivos da boa safra foi a produtividade, que superou 31 mil quilos por hectare, a melhor desde 2012/13. Para efeito de comparação, a produtividade da safra 2021/2022 foi de aproximadamente 28 mil quilos por hectare. Conforme dados disponíveis no Observatório Agro Catarinense, a área plantada, na safra atual, foi de 17,6 mil hectares, ante 17,5 na safra anterior. Ou seja, enquanto a área plantada aumentou cerca de 0,6%, a produtividade avançou aproximadamente 11%.  

Condições climáticas

Conforme Jurandi, a boa produção foi alcançada, especialmente, devido aos aspectos climáticos favoráveis. Ele explica que, apesar de um problema de baixas temperaturas na segunda quinzena de outubro e primeira quinzena de novembro , a partir da metade daquele mês e até o final do ciclo da cultura as temperaturas foram elevadas e com muito sol. “Isso permitiu que a produção se desenvolvesse muito bem, formando bulbos de maior calibre e boa sanidade, qualidades que agradam o mercado e os consumidores”, diz o analista.

Preço

A colheita da safra 2022/23 foi concluída  em  janeiro e os resultados mantiveram Santa Catarina na posição de maior produtor brasileiro da hortaliça. “Esta safra só não foi maior que a de 2016/17, quando nós produzimos, praticamente 600 mil toneladas”, conta Jurandi. 

Sobre os preços, ele afirma que no final de outubro e começo de novembro os produtores chegaram a vender cebola por mais de um dólar o quilo, o que é um valor bem acima do registrado na mesma época nas duas safras anteriores. “Com o passar dos meses, com a oferta maior da safra catarinense no mercado, o valor foi se adequando a patamares mais equilibrados entre oferta e procura, havendo redução de preços. De qualquer forma, nos meses de janeiro, fevereiro e início de março sempre estiveram acima do custo de produção estimado para Santa Catarina. Então, no conjunto, nós temos uma situação muito positiva para o produtor”, explica Jurandi.

Diante do cenário de otimismo, há quem relate queda na produção e no faturamento final, devido também à oscilação no preço de venda, negociado pelos produtores. Na propriedade do agricultor Guilherme Lopes, de Alfredo Wagner, a média de produção por hectare, foi em torno de 50% abaixo do esperado.

“Minha produção de cebola foi abaixo do esperado. A seca afetou a produção, causando a queda. Colhi em torno de 15 toneladas por hectare, quando a média é 30, 35 e até 40 toneladas por hectare. No início da colheita, o preço chegou R$ 5,00 o quilo. Não vendi e depois o preço baixou”, explica Lopes.

Ele explica ainda que esperava vender por um valor maior para compensar a perda na produção. “Eu queria vender a R$ 3,00 o quilo. Como a produção foi abaixo do esperado, era o preço que eu esperava para poder pagar os custos e me sobrar um troquinho”. Afirma o agricultor.

De acordo com dados do IBGE de 2020, o município de Alfredo Wagner, é o terceiro maior produtor nacional de cebola, perdendo apenas para a vizinha, Ituporanga e Cristalina, em Goiás.