A inauguração da linha de produção do caça Gripen no interior de São Paulo, nesta terça-feira (9/5), pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, consolidou um marco na história da indústria aeronáutica brasileira. A fábrica da Embraer na cidade de Gavião Peixoto (SP) concretiza um dos maiores programas de transferência de tecnologia da história do país.
Em parceria com a empresa sueca Saab, a Embraer produzirá, com engenheiros e técnicos brasileiros, 15 das 36 unidades do Gripen. A linha de montagem é a única existente do caça fora da Suécia e abre portas para tornar o Brasil um centro de produção e exportação de aeronaves de caça.
“Essa parceria proporcionou ao Brasil a necessária transferência de tecnologia de ponta, permitindo hoje a inauguração de uma linha de produção da aeronave em solo nacional. Poucos países têm essa capacidade. A aquisição dos caças Gripen traz para a Força Aérea e para o Brasil o sentido mais amplo da aquisição de novos horizontes na capacidade de prover uma defesa aérea compatível com as dimensões continentais desse país”, disse o ministro da Defesa, José Múcio, que discursou em nome do presidente Lula.
A fábrica da Embraer passa a contar com o ecossistema completo para caças nas fases de desenvolvimento, testes e produção. Na unidade estão em funcionamento também o Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen e o Centro de Ensaios em Voo.
“A transferência de tecnologia e a capacidade de produção da aeronave em Gavião Peixoto nos permite a autossuficiência em delicadas fases do processo produtivo, elevando o Brasil a patamares cada vez mais amplos no desenvolvimento tecnológico para a Defesa nacional”, completou José Múcio.
Também participaram da solenidade a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos; o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo; o Comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno; e os presidentes da Embraer, João Bosco Costa Júnior, e da Saab, Micael Johansson, entre outras autoridades.
“Neste ano em que comemoramos o aniversário de 150 anos do Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica Brasileira, Alberto Santos Dumont, gostaria de reafirmar a minha felicidade e orgulho por contribuir com o melhor dos esforços da Força Aérea Brasileira para a consolidação do processo de aquisição da mais moderna aeronave de combate do nosso continente e, principalmente, da transferência de tecnologia oportunizada”, destacou o Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno.
O presidente da Embraer listou alguns dos benefícios da parceria. “Com essa linha que estamos inaugurando, um hub da Saab para produção e entrega de caças para toda a América Latina, geramos um círculo virtuoso de desenvolvimento que leva inovação e criação de conhecimento tecnológico, criando divisas, renda e emprego altamente qualificado e trazendo benefícios tangíveis ao Brasil”, afirmou João Bosco Costa Júnior.
SOBERANIA – O caça F-39 Gripen foi escolhido pelo programa FX-2, numa concorrência concluída na gestão da presidente Dilma Rousseff em 2013. O contrato para o desenvolvimento e a produção de 36 aeronaves Gripen trouxe vários benefícios de longo prazo para o país e a inauguração da linha de produção é um importante marco.
“Essa infraestrutura vai prover as capacidades que vocês precisam, como nação soberana, para desenvolver novas funcionalidades, implementar avanços, integrar armamentos nos próximos 30 ou 40 anos. Queremos que o Brasil seja exportador para a América Latina e para outras regiões”, frisou o presidente da Saab, Micael Johansson.
HISTÓRICO – A parceria representa um importante salto qualitativo e tecnológico, com alguns dos recursos embarcados até então inéditos para a FAB. A Embraer é, também, pioneira na operação da versão de dois assentos do caça, o Gripen F, desenvolvido conjuntamente pelo Brasil e pela Suécia.
O Programa Gripen Brasileiro teve início em 2013, quando a Saab venceu a concorrência do Programa F-X2, destinada à substituição da frota de aeronaves de caça da Força Aérea Brasileira (FAB). O contrato para o desenvolvimento e a produção de 36 aeronaves foi firmado em outubro de 2014.
A produção também impacta a indústria de defesa nacional, envolvida no processo de desenvolvimento de estruturas, sistemas aviônicos, produção, ensaios em voo e capacitação para apoiar, manter e modernizar essa frota pelas próximas décadas.
A previsão é de que em 2027 o último caça seja entregue. Atualmente, quatro dos aviões já estão operacionais na Base Aérea de Anápolis (GO) e outros dois chegaram ao país na sexta-feira da semana passada.
O Programa Gripen integra as ações voltadas para a renovação da infraestrutura das Forças Armadas do Brasil, processo que também conta com o projeto do submarino nuclear brasileiro, no Rio de Janeiro, e com o projeto do blindado Guarani.
Fonte: Comunicação / Palácio do Planalto