Uma mostra institucional mesclando arte e ciência, inaugurada oficialmente nesta segunda-feira (26) no hall da Alesc, encerra as celebrações do mês do Meio Ambiente no Parlamento.
A exposição é mais um evento que faz parte da agenda de programação da Comissão de Turismo e Meio Ambiente, presidida pelo deputado Marquito (Psol). A data de 5 de junho comemora o Dia Meio Ambiente.
“A mostra firma o nosso propósito de conscientizar para os problemas ambientais emergentes e promover soluções baseadas na natureza”, informou o parlamentar convidando os catarinenses para que prestigiem o evento que permanece no hall da Alesc até o dia 06 de julho .
O foco da exposição é enaltecer a importância do bioma da Mata Atlântica, que recobre Santa Catarina. “O estado detém o maior percentual de floresta remanescente desse bioma, mas as florestas têm sumido com o passar dos anos. Trazemos, para a Alesc, algumas das muitas iniciativas em prol da Mata Atlântica”, esclareceu.
As exposições e suas simbologias
Cada uma das três exposições que estão reunidas nesta mostra institucional traduz a preocupação com a sustentabilidade ambiental e a situação dos povos originários.
Atuando há 35 anos na arte de fotografar, Radilson Carlos Gomes, 58 anos, trouxe o projeto “YURUPÁ Território”, evidenciando as terras e as populações indígenas a partir de sua identidade.
Em Guarani, Yurupá significa que o mundo é um só. “A expressão designa a estrutura que sustenta o mundo terrestre, e seu significado evoca o modo de ocupação Guarani: livre, respeitoso e harmônico”, afirmou.
Ele explicou ainda que usou uma máquina “lambe- lambe”, de 108 anos para fotografar os cerca de 120 rostos de jovens e crianças indígenas das seis aldeias percorridas no Estado. O resultado de seu trabalho lúdico pode ser conferido no hall da Alesc em forma de um painel, onde estão estampados em preto e branco os retratos dos rostos dos povos originários. O painel foi benzido pelo pajé da aldeia, em Biguaçu.
Como definiu, são retratos e relatos dos povos indígenas das etnias Xokleng, Guarany e Kaigang, de Santa Catarina.
Consciência ambiental
O trabalho do artista Faeli Chaves de Moraes, 48 anos, idealizador do eco-projeto SacoLAGEM, busca despertar reflexões sobre o conceito “lixo e economia com cultura e educação”, tendo como foco o plástico.
Foi por meio de suas mãos, que os “ecos” bustos da professora e deputada estadual Antonieta de Barros e do poeta Cruz e Sousa, com material reciclável viram arte e estão expostos no hall do Parlamento.
De Belém do Pará, norte do Brasil, para São José, Santa Catarina, Faeli é um entusiasta da reciclagem. Como conta, em cada “eco” busto confeccionado, ele retira da natureza 600 sacolas plásticas.
“ É um trabalho que une sustentabilidade, economia mista, coleta seletiva e muito amor”, admite, revelando que apenas 3% do lixo produzido no Brasil é reciclado atualmente. “ Ainda temos muito que avançar e essa mostra quer incitar a reflexão”, avalia.
Ele pretende levar a sua arte para oito estados brasileiros, apresentando os 15 “eco bustos” de personalidades que fizeram a diferença para o cenário estadual e nacional. No caso de Santa Catarina, os primeiros homenageados foram Cruz e Sousa e Antonieta de Barros.
Pesca artesanal
Proposta pelo arquiteto Wellington Linhares, popularmente conhecido como Wellington Botos, a “Rede de ações e interconexões: Pesca Artesanal Colaborativa com Botos e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)” valoriza e promove a salvaguarda da tradição local.
A ação “Boto Parade Especial” integra a rede de ações, premiada no 35° Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, que teve como tema a Sustentabilidade Socioeconômica do Patrimônio Cultural.
Esse projeto consiste na exposição itinerante de arte integrada das cópias em escala real de botos pescadores. As peças são produzidas com fibra e resina.
“Esperamos assim criar um espaço capaz de conscientizar as pessoas de que vivemos na natureza e dela somos apenas uma parte”, afirmou Marquito.
Valquíria Guimarães
AGÊNCIA AL