Na segunda edição da roda de conversa a respeito do legado da professora, jornalista, escritora e primeira mulher negra eleita deputada na década de 1930, entrou em cena a Antonieta de Barros, a educadora e sua história que instiga e inspira os catarinenses, em especial, as lideranças femininas.
A “Educação como um Direito” pautou o bate-papo que faz parte do “Mês Antonieta de Barros”, promovido pelo Parlamento e que acontece de 10 de julho a 4 de agosto, para celebrar os 122 anos de nascimento de Antonieta de Barros. Personalidades do setor educacional catarinense se reuniram no Plenarinho da Casa na noite desta segunda-feira (24 de julho) para trocar experiências e falar de Antonieta de Barros, reverenciando a memória e a trajetória da primeira mulher negra eleita deputada no Brasil.
Educação, presente
Três mulheres comprometidas com a educação e que tiveram sua vida inspirada por Antonieta de Barros protagonizaram essa segunda edição da roda de conversas. Participaram do debate as professoras Maria Aparecida Rita Moreira, Neli Góes Ribeiro e Ida Mara Freire.
Mulher negra comprometida com a luta antirracista, Maria Aparecida Rita Moreira é professora aposentada, pós-doutora em educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Nesta mesma universidade concluiu doutorado em Literatura Brasileira e mestrado em inglês. É autora do livro “Nós, Vovó e os Livros” e roteirista dos documentários “Toque de Melanina: Legado de Resistência” e “Paulina Chiziane – do mar que nos separa a ponte que nos une”.
Maria Aparecida, que também é presidente da Associação de Educadores Negros, destacou o legado único deixado por Antonieta na educação.
“ Ela foi fundamental para nós, enquanto educadores, em especial, para os educadores negros. Antonieta de Barros é nosso referencial. Principalmente em Santa Catarina, a sua figura é relevante e tem que ser cada vez mais reconhecida como educadora. Como jornalista e deputada, a Antonieta sempre fez da educação uma missão”, disse, avaliando que ela deixa um legado de luta, de afeto, amizade e de companheirismo.
Figura emblemática
Neli Góes Ribeiro, que participou da fundação da Associação de Mulheres Negras Antonieta de Barros, afirmou que a importância de Antonieta na educação é atemporal.
“Quando começamos a recuperar o legado de Antonieta de Barros foi uma surpresa. Não imaginávamos a grandiosidade dessa mulher. Quanto mais descobrimos os seus escritos, mais temos a certeza de que estava à frente de seu tempo e a força que ela tinha e ainda tem”, pontuou.
Ela comenta que o que Antonieta de Barros pregava há 70 anos ainda não se concretizou, principalmente na educação e na questão racial.
“Lutas como o direito à educação para todos, a valorização do magistério, dos professores, do ensino público, ela já defendia há 70 anos”, comentou.
Neli é formada em pedagogia, é professora na Udesc no Centro de Educação participando da criação do Núcleo de Estudos Afro Brasileiro (Neab) e do Programa de Diversidade Étnica no Ensino Superior – A inclusão do Negro na Universidade do Estado de Santa Catarina. Ainda ela coordenou o projeto formando Educadoras Negras que possibilitou a formação de 40 professoras negras no curso de Pedagogia da Udesc.
Pioneirismo
Pedagoga, escritora e especialista em dança, Ida Mara Freire disse que a figura de Antonieta de Barros é emblemática para a educação. “Antonieta foi pioneira ao falar que educação é um direito de todos. Isso em 1935. Ela já lutava por essa causa. É uma mulher inspiradora, uma referência para todos nós, professores”, disse, destacando a visibilidade que ela legou para as mulheres, em especial, para as educadoras.
Mês Antonieta
A roda de conversa foi promovida por indicação dos deputados Marquito (Psol) e Luciane Carminatti (PT) como parte da programação de julho no Palácio Barriga Verde, em comemoração aos 122 anos de nascimento de Antonieta.
Valquíria Guimarães
AGÊNCIA AL