Maycon, do Shakhtar, se colocou à disposição e gostaria de comentar a situação do país. Mas, de acordo com a assessoria de imprensa do atleta, o clube negou a solicitação. Vitinho, do Dínamo, também mencionou a mesma orientação. A assessoria de imprensa explicou que clube da capital tinha receio de causar conflitos dentro do próprio elenco, que tem atletas russos.

Aflitos com o início da guerra, jogadores e suas famílias se uniram em um hotel em Kiev e gravaram um vídeo para suplicar por ajuda do governo brasileiro para deixarem a Ucrânia. Marlon (ex-Fluminense), Pedrinho (ex-Corinthians), David Neres (ex-São Paulo), Vitinho (ex-Athletico-PR) e Dodô (ex-Coritiba) publicaram a gravação em seus perfis nas redes sociais e relataram a situação em que vivem no momento.

Na cidade de Zaporizhya, no noroeste da Ucrânia, os brasileiros Juninho, Cristian e Guilherme Smith do Zorya Luhansk vivem o mesmo drama. A cidade de Luhansk fica no epicentro do atual conflito, mas o clube já havia se mudado para Zaporizhya. O problema é que eles estão longe da capital Kiev, onde fica a embaixada do Brasil.

“Estamos passando por uma situação muito difícil. Pedimos que compartilhem esse vídeo para que possa chegar até o governo brasileiro para que eles possam nos ajudar. As fronteiras estão fechadas, o espaço aéreo não está mais operando, peço ajuda que esse vídeo chegue às autoridades brasileiras. Eles pedem para ficarmos tranquilos, mas não tem como ficarmos tranquilos nesse momento”, afirmou.

O atacante Lucas Rangel defende o Vorskla Poltava desde o ano passado. A cidade de Poltava ainda não havia sido bombardeada pelas forças armadas russas, mas fica a apenas 140 km de Kharkiv, cidade que sofreu fortes ataques ontem. O jogador de 27 anos, revelado pelo Londrina, falou com a reportagem sobre o clima de pânico na cidade.

“O clima na cidade é de pânico geral, as pessoas estão correndo aos supermercados que tão fechando, só alguns estão abertos. Gasolina você só pode abastecer 20 litros por carro e com 20 litros você não vai muito longe. Os bancos só dão 200 dólares por família e isso não é muito porque os preços aumentaram de uma hora pra outra, foi um escândalo. O clima é de tensão máxima aqui”, afirmou.

O jogador afirma que está com outros quatro atletas brasileiros na cidade, um deles com a esposa. “Graças a Deus minha família está no Brasil”, disse Rangel. Ele conta ter ficado assustado com o início do conflito, tão perto de sua casa.

“Eu acordei com meus amigos me ligando, e logo que eu acordei fui lavar a cara e a sirene da cidade tocou, o alerta de emergência.” Questionado sobre como serão seus próximos passos na Ucrânia, o jogador afirmou que no momento tudo o que ele e os amigos querem é deixar o país. Como o espaço aéreo está fechado, eles decidiram cruzar a fronteira de carro.

Não adianta eu mentir, estou preocupado e aflito. Tenho que manter a cabeça no lugar pra achar a melhor solução. Meu pensamento é um só: sair fora do país. Amanhã eu e meus amigos vamos pegar dois carros e tentar sair fora. O trânsito está complicado, mas não adianta esperar sentado, vamos tentar sair fora.”

O jogador disse que entrou em contato com a embaixada brasileira em Kiev e ouviu que era necessário ter paciência e permanecer em casa. “Eles só dizem pra gente ficar dentro de casa que é o lugar mais seguro, mas nesse momento não tem lugar seguro, tudo pode acontecer. É desesperador esse momento que estamos vivendo. É a primeira vez que passamos por isso e espero que seja a última, não desejo isso pra ninguém.”

Fonte: PORTAL UOL