Após mais de 24h de atuação, as equipes do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) combateram o incêndio em vegetação na Enseada de Brito, em Palhoça. A corporação foi acionada às 14h22 de sábado, 2. Equipes da Polícia Militar Ambiental (PMA), da Brigada do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e do helicóptero Águia da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) também atuaram no atendimento.
As equipes encontraram dificuldade para acessar os focos de incêndio, já que se tratava de uma área de banhado com vegetação na altura da cintura. Durante toda madrugada de domingo, 3, as equipes do CBMSC em Biguaçu, Rancho Queimado, Santo Amaro da Imperatriz e Palhoça atuaram no local. Pela manhã, militares do Grupamento de Busca e Salvamento (GBS) em Florianópolis apoiaram com sobrevoo de drones para verificação dos focos ainda existentes.
Os trabalhos de combate às chamas seguiram durante todo domingo, 3, e foram executados por três equipes, divididas em pontos estratégicos mapeados durante sobrevoo do helicóptero Águia-02 da PMSC. O CBMSC estava com 12 militares no local, sendo que nove estavam atuando no combate e três realizando o monitoramento por meio de sobrevoo de drones. A Polícia Militar Ambiental estava com 19 integrantes em combate e a Brigada do Parque, com cinco.
Foto: Divulgação / CBMSC
Área atingida
De acordo com a Polícia Militar Ambiental (PMA), estima-se que o incêndio tenha afetado uma área de aproximadamente 150 hectares, tendo impacto direto na vegetação de restinga, local em que habitam animais como cágados e jabutis, cachorro-do-mato, gato-do-mato, anta, ouriço-cacheiro, cobra coral, cobra-cipó, lagarto teiú, jacaré do papo amarelo e diversas outras espécies de aves.
Plano de Contingência
O Plano de Contingência (PLACON) para organizar o modo de enfrentamento aos incêndios na Baixada do Maciambu é formado pela Defesa Civil de Santa Catarina, em conjunto com o Instituto do Meio Ambiente (IMA), Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC), Polícia Militar Ambiental (PMA), Batalhão de Aviação da Polícia Militar de Santa Catarina (BAPM), Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), Polícia Civil (PC), Defesa Civil Municipal, Secretaria de Segurança Pública de Palhoça e Instituto Çarakura.
Este plano possibilita que as atuações de combate aos incêndios se tornem mais ágeis e organizadas em relação aos atendimentos emergenciais, definição de equipamentos utilizados, sinalização dos acessos de combate, organização dos Brigadistas Voluntários, entre outras decisões.
Ações do Plano de Contingência
O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) que administra o Parque da Serra do Tabuleiro em parceria com a co-gestora da Unidade de Conservação, Instituto Çarakura, o Instituto Tabuleiro, e as demais instituições que fazem parte do Plano de Contingência (PLACON) de enfrentamento aos incêndios na Baixada do Maciambú, continuarão realizando ações de fiscalização, a exemplo das constantes rondas preventivas no entorno do parque.
Além da restauração ambiental, a Diretoria de Biodiversidade e Florestas do IMA reforça que o trabalho para conscientizar e orientar a população também continuará para estimular as pessoas a adotarem comportamentos imprescindíveis à conservação ambiental como: não realizar queimada de lixo, entulhos, bitucas de cigarro em meio à vegetação, queima de fogos de artifício e extração ilegal da resina de Pinus que é altamente inflamável, visto que a maioria dos incêndios na área são provocados por ação humana intencional.
Sobre o Parque
O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, maior unidade de conservação de proteção integral do Estado, foi criado em 1975, com o objetivo de proteger a biodiversidade da região e os mananciais hídricos que abastecem as cidades da Grande Florianópolis e do Sul do Estado. A unidade é administrada pelo Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), com o apoio do Governo do Estado.
O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro ocupa cerca de 1% do território catarinense. Abrange áreas dos municípios de Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí e Paulo Lopes.
Fazem parte do Parque as ilhas do Siriú, dos Cardos, do Largo, do Andrade e do Coral, e os arquipélagos das Três Irmãs e Moleques do Sul.
Provocar incêndio em mata ou floresta é crime
Um incêndio florestal é o fogo fora de controle em qualquer tipo de vegetação, seja em mata, plantações seja pastos. Na maioria das vezes, são causados por ação humana. Os incêndios florestais são crime e resultam na redução da biodiversidade, alteração da fauna, redução da umidade do ar, aumento da poluição e perdas materiais. Outras causas são por acidentes causados por fagulhas de máquinas, rompimentos de cabos de eletricidade e, raramente, causas naturais (raios).
A Lei 9.605/98, chamada de Lei de Crimes Ambientais prevê que causar poluição de qualquer natureza em níveis que resulte ou possa resultar em danos à saúde humana, provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora, é crime. Essa Lei prevê multas e até prisão para quem provocar incêndios em mata ou floresta e, também, para quem fabricar, transportar e/ou soltar balões.
Entre janeiro e agosto de 2023, o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) atendeu a 1.853 ocorrências de incêndio em vegetação. Número pouco menor que nos anos anteriores, mas ainda assim elevado. Em 2022 foram 2.081 ocorrências e em 2021 foram 2.733 ocorrências do gênero atendidas.
Tipos de incêndio e a atuação do CBMSC
Por ter uma atuação bastante efetiva na prevenção, as equipes do CBMSC estão sempre prontas para prestar um atendimento eficaz nas ocorrências desta natureza. Em alguns casos, é necessário acionar apoio das equipes de Forças-Tarefa e adotar estratégias específicas para a situação.
Com base no grau de envolvimento de cada estrato do combustível florestal que são as folhas, pequenos galhos, capim seco, arbustos e troncos de árvores é que são classificados os incêndios florestais em: superficiais, de copa e subterrâneos.
Os superficiais têm potencial para queimar todo material combustível até cerca de 1,80 m de altura, enquanto os de copa se propagam pelas copas das árvores, condição onde a velocidade de propagação é maior e mais rápida em virtude da grande circulação de vento. Os incêndios subterrâneos se propagam através das camadas de húmus ou turfa existentes sobre o solo mineral e abaixo do piso natural da floresta.
Há equipamentos e ferramentas específicas para este tipo de ocorrência que visam proporcionar maior abrangência em relação às especificidades do incêndio levando em consideração as características do local, topografia do terreno, tipo de vegetação e tamanho da área atingida.
Nos períodos de maior incidência de incêndios florestais, o apoio da aviação é fundamental. Nesses casos são utilizadas as aeronaves de asa rotativa, também conhecida como helicóptero, para o monitoramento e para resgate e descarga de água com o uso de um equipamento móvel reservatório chamado de “Bambi Bucket”. Os drones também são fortes aliados nesse tipo de monitoramento. Eles são empregados nas operações de prevenção e combate aos incêndios florestais como uma alternativa segura e econômica para uma fiscalização mais minuciosa das áreas a serem preservadas, para suporte a queimas prescritas, bem como para monitoramento por imagens convencionais ou térmicas da área das operações.
Prevenção
O CBMSC orienta que a população não faça limpeza de terrenos ou mesmo coloque fogo em lixo ou pastagens. O período de geadas e estiagem são os mais preocupantes, porém a orientação serve para todos os períodos do ano, pois ações como essa podem causar graves acidentes se considerarmos a possibilidade de ventos que costumam acelerar o processo de propagação das chamas. Fogueiras em áreas de vegetação, bitucas de cigarro na mata ou beiras de estrada são ações que podem parecer inofensivas, mas também podem resultar em incêndios.
Caso aviste um incêndio em vegetação o cidadão deve ligar imediatamente para o CBMSC pelo 193. A tentativa de combate por alguém não capacitado pode ser realizada apenas se o fogo estiver no início, e ainda assim deve ser feito com ferramentas, roupas e equipamentos adequados. Sem os devidos cuidados, a pessoa pode sofrer uma intoxicação pela inalação da fumaça e até mesmo queimaduras em decorrência do forte calor.
Considerando os riscos à vida, bens materiais e ao meio ambiente, a principal orientação é evitar o início do fogo, em quaisquer circunstâncias.
Texto: Cristina Schulze – assessora de imprensa do CBMSC e Carolina Carvalho – ASCOM/IMA