Foto: Ricardo Stuckert / PR

Entrevista apresenta investimentos, projetos, conquistas e novidades em áreas como economia, infraestrutura, agricultura, indústria, trabalho, gestão, comunicação e participação social.

Reforço no investimento dos árabes no Brasil. Prenúncio de bons negócios e parcerias com o Arábia Saudita e Catar. Ganho de credibilidade na questão ambiental com os números de avanço na preservação da Amazônia em dez meses de governo, apresentados ao mundo na COP 28. Uma extensa pauta de parcerias com a Alemanha. Abertura de mais de 70 mercados ao agro. E retomadas: da participação social, da abertura ao diálogo, do crescimento do crédito e da aposta num futuro com emprego e dignidade.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva permitiu aos internautas uma visão mais completa das ações do Governo Federal na mais recente viagem internacional pelo Oriente Médio e pela Alemanha ao optar por um formato diferente em seu programa de conversa pela internet nesta terça, 5/12. Em vez de dar entrevista, foi ele o âncora, o entrevistador, em boa parte do tempo. Pelas cadeiras do bate-papo passaram dez ministros e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Eles falaram sobre as visitas da comitiva brasileira à Arábia Saudita e ao Catar, trataram da passagem pela COP28, nos Emirados Árabes, e detalharam a agenda com a Alemanha.

“Volto desta viagem muito convencido, depois da quantidade de contatos que tive, de que o Brasil voltou a ser um país respeitado. Como é bom você perceber que as pessoas querem conversar com o Brasil. Ver como as pessoas querem investir. Elas querem discutir transição ecológica, energética, a questão climática”, resumiu o presidente.

Para Lula, o país não tem de ter medo de expressar, no cenário internacional, a sua grandeza no tabuleiro geopolítico. “Como é importante essa história de o Brasil conquistar o direito de fazer a COP de 2025 em Belém. Como é importante o Brasil ser presidente do G20. Vai dar trabalho? Vai. Mas é importante que o Brasil aprenda a ser grande. É importante que aprenda a ser importante. É importante que aprenda a ser do tamanho que tem. A gente tem que ter grandeza naquilo que faz em uma relação democrática”, completou Lula.

Para ele, nos três mandatos que teve, a viagem para a Alemanha, com a série de compromissos estabelecidos e de relações de governo e de empresários, foi a melhor de sua trajetória política. “Nunca tive uma reunião produtiva como a de ontem”, expressou.

Confira abaixo o que cada um dos ministros sinalizou de avanços em suas áreas

Fernando Haddad (Fazenda) – Acho que ficou confirmada a percepção de que o Brasil tem vantagens competitivas que nenhum país tem num mundo com problemas sociais e ambientais. Os árabes se comprometeram a continuar investindo, não só na produção de minerais críticos, mas dispostos a atingir 10 bilhões de dólares em investimentos em empresas e projetos de infraestrutura no Brasil. O Catar está começando o mesmo processo que a Arábia está concluindo. Na COP, o país foi celebrado e apresentamos programas com o BID para financiar a transição ecológica no Brasil. A Alemanha não poderia ter sido mais clara. Quer uma nova onda de investimentos, inclusive industriais, tanto em energia limpa quanto produção manufatureira.

Rui Costa (Casa Civil, coordenador do Novo PAC) – É visível a percepção, a vontade dos países árabes e na Europa de investir no Brasil. Vale destacar que nossa visita não foi só de ministros e técnicos. Havia grupos de empresários, presença da Confederação Nacional da Indústria. Há muito interesse em projetos licitados pelo governo nas áreas de infraestrutura, transição energética, segurança alimentar e de parcerias empresariais. Há grandes oportunidades com fundos de investimentos e agências de fomento de vários desses países.  Tivemos a oportunidade apresentar o Novo PAC em detalhes, um projeto que pretende licitar algo em torno de 370 bilhões de dólares.

Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) – O Brasil retomou a liderança e a boa diplomacia. Os laços de amizade. Com isso, se abriram oportunidades. Abrimos nada menos que 72 novos mercados para produtos brasileiros até este momento. Mercados que o Brasil não acessava. De carne suína e bovina para o México. De algodão para o Egito. De frango para Israel. E, onde já vendíamos, passamos a vender ainda mais.  A Arábia Saudita já vinha com investimentos na pecuária brasileira, em participação em empresas de proteínas, e agora querem investir em grãos e fibras. O Catar deixou claro o interesse em assuntos referentes à segurança alimentar. Na COP, mostramos nossa capacidade de dobrar a produção com a conversão de áreas degradadas em áreas agricultáveis sem precisar avançar sobre florestas. Isso gera emprego e oportunidades.

Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) – Fizemos adaptações importantes no Pronaf. Conseguimos nacionalizar o apoio. Fazer com que atenda todo o território. Mostramos que os três programas de compra pública lançaram dinheiro novo, com R$ 1,5 bilhão para a alimentação escolar, R$ 1 bilhão para a aquisição de alimentos da agricultura familiar e R$ 120 milhões de assistência técnica e extensão rural.  O grande ganho na COP é o debate sobre o sistema agroflorestal. De casar a produção de alimentos com o reflorestamento. De trabalhar com o conceito de florestas produtivas. Um momento importante para consolidar a tese de que o reflorestamento dá resultado econômico para o pequeno agricultor.

Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) – Mostramos que estamos conectados à transformação digital. Vamos resgatar uma fábrica de semicondutores no país para fabricação de chips. Chips vão do smartphone à rastreabilidade da pecuária. Envolvem todas as cadeias produtivas. Não vamos ter a escala do leste asiático, mas um nicho de mercado no setor automotivo e energético. Fizemos também um anúncio de uma linha de crédito em parceria com o BNDES de R$ 20 bilhões para transição energética. Não dá para fazer o enfrentamento ao aquecimento global sem tecnologia e ciência. Na Alemanha, tratamos do laboratório de biossegurança que queremos implementar em Campinas. Será o único do hemisfério Sul capaz de manipular microorganismos e vírus com segurança. Ideia é usar a ciência e tecnologia para salvar vidar, gerar oportunidades e atender a questão do clima.

Luiz Marinho (Trabalho e Emprego) – Tivemos em dez meses 1,78 milhão de novos empregos formais, com carteira assinada. Na prática serão dois milhões até o fim do ano. Estamos num processo importante de combate ao trabalho infantil e à escravidão e acordos com vários setores. Na Alemanha, “afinamos a viola” de um problema da Alemanha de trazer trabalhadores da enfermagem sem procedimentos, que tínhamos combinado em junho em memorandos.

Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) – O Brasil chegou à COP protagonizando pelo exemplo. Enquanto a democracia sofre refluxos em vários cantos, o Brasil fortaleceu a democracia representativa e direta. Desobstruiu canais interditados nos últimos seis anos. Reestruturou conselhos e conferências e fez o planejamento participativo. A peça para os próximos seis anos que está no Congresso foi construída a várias mãos. Anunciamos uma reunião com movimentos sociais para a COP 30 em Belém. Anunciamos o G20 social, algo inédito, um espaço para as principais economias ouvirem seus povos. Retomamos o Mercosul Social, com debates intensos desde ontem no Rio de Janeiro. Fizemos os Diálogos Amazônicos, outra experiência inédita.

Esther Dweck (Gestão e Inovação)–  Em Dubai, conversamos com os organizadores para buscar as melhores informações para a COP 30 no Brasil, em 2025, em Belém (PA). Buscar um suporte técnico e de logística. Conversar com quem organizou. Na Alemanha, tivemos uma importante reunião sobre governo digital. Eles querem aprender com a gente, com o avanço que temos em oferecer quatro mil serviços no gov.br. É uma parceria de trabalho importante.

Márcio Elias Rosa (Secretário Executivo do MDIC) – Reencontramos a Alemanha para discutir investimentos. Temos estabilidade econômica, juros em queda, inflação sob controle, perspectiva de crescimento. Isso anima a atração de investimentos. Nas conversas, ficou claro que a Alemanha só vai produzir 50% do hidrogênio que vai consumir. O restante vai ter de comprar. E o Brasil já sai privilegiado nesse negócio. A APEX também fez um grande evento empresarial, lotado e com muita gente interessada.

Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação da Presidência) – O tema da comunicação, das fake news, da desinformação mobiliza o mundo. A Alemanha tem experiência importante na área. Tivemos uma reunião de trabalho com o ministro equivalente da SECOM deles. Dali saiu um protocolo e uma série de iniciativas conjuntas. O presidente Lula tem dito que o tema da regulação das plataformas e como fazer isso sem afrontar a liberdade de expressão, num ambiente democrático, é internacional. É um enorme desafio construir um ambiente de integridade da informação, de combate às fake news, de educação midiática, de aprimorar a legislação para impedir a livre circulação de conteúdo que é considerado ilegal fora das redes. Essa parceria com a Alemanha é importante porque tira aquela aura de ser algo autoritário. A Austrália já aprovou leis nesse sentido. O Canadá aprovou. O mundo sabe da importância dessa discussão.  

Fonte: Comunicação / Palácio do Planalto