Com agências – A companhia britânica bp, petroleira com negócios em energia, gás e renováveis, anunciou que vai deixar sua participação de 19,75% na Rosneft, da Rússia.
“Fiquei profundamente chocado e triste com a situação que se desenrola na Ucrânia e meu coração está com todos os afetados. Isso nos levou a repensar fundamentalmente a posição da bp com a Rosneft”, disse o CEO Bernard Looney.
O valor dos ativos e da participação na Rosneft, que sofrerá ajustes contábeis, totalizava US$ 25 bilhões no fim de 2021. O impacto financeiro da decisão, contudo, não foi estimado pela companhia.
O executivo e seu antecessor no comando da BP, Bob Dudley, deixaram os cargos no Conselho de Administração da Rosneft.
A decisão foi anunciada no domingo (27), enquanto a situação é agravada na Ucrânia, com o cerco de tropas russas em diferentes regiões do país invadido, incluindo a capital Kiev.
Segundo informações do governo local, mais de 300 civis morreram em decorrência dos combates; não é possível confirmar o número. Uma agência da ONU fala em pelo menos 64 mortos não combatentes.
“A mudança no tratamento contábil também significa que o bp não mais reconhecerá uma participação no lucro líquido, produção e reservas da Rosneft. A bp não mais relatará a Rosneft como um segmento separado dos resultados do primeiro trimestre de 2022”, explicou a empresa.
A bp também deixará negócios em conjunto com a Rosneft na Rússia, diz o comunicado.
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Shell fora do Nord Stream 2
Nesta segunda (28), a Shell também revelou a intenção de sair de joint ventures com a Gazprom, o que inclui 27,5% das instalações de gás natural liquefeito (GNL) de Sakhalin-II, 50% na Salym Petroleum Development e no pojeto Gydan.
A Shell diz que também pretende encerrar seu envolvimento Nord Stream 2.
“Estamos chocados com a perda de vidas na Ucrânia, que lamentamos, resultante de um ato insensato de agressão militar que ameaça a segurança europeia”, disse o CEO da Shell, Ben van Beurden.
Equinor deixará operações na Rússia
A Equinor, com sede na Noruega, também afirmo que “decidiu parar novos investimentos na Rússia e iniciar o processo de saída das joint ventures”.
Atualmente, a companhia mantém um escritório em Moscou, com 70 funcionários, e tem uma produção de 25 mil barris de óleo equivalente (boe) por dia em diferentes negócios. Está no país há 30 anos e também possui projetos com a Rosneft.
“Estamos todos profundamente perturbados com a invasão da Ucrânia, que representa um terrível revés para o mundo, e estamos pensando em todos aqueles que estão sofrendo por causa da ação militar”, disse Anders Opedal, presidente e CEO da Equinor.
“No início desta semana, a Equinor apresentará um compromisso de contribuir com financiamento para o esforço humanitário na região”.
A empresa afirmou que manter os investimentos no país se tornou “insustentável”.
No final de 2021, a Equinor detinha US$ 1,2 bilhão em ativos não circulantes na Rússia. “Esperamos que a decisão de iniciar o processo de saída na Rússia tenha impacto no valor contábil dos ativos russos da Equinor e leve a prejuízos”, diz.
Wintershall DEA busca indenização por Nord Stream
A alemã Wintershall Dea disse na semana passada que buscará uma compensação após o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, ter anunciado o embargo ao Nord Stream 2, desenvolvido pela Gazprom, com sócias ocidentais.
“Atualmente, Wintershall Dea não vê nenhum cenário razoável no qual haverá intervenção política sem compensação”, disse a empresa.
Wintershall Dea é controlada pela petroquímica alemã BASF e tem inúmeras atividades na região ocidental da Sibéria russa.
As informações são da DW.
“Especialmente para eles [ucranianos], mas também para todos nós, esta escalada [do conflito] sob as ordens do governo russo é um duro golpe”, disse o CEO da empresa, Mario Mehren.
Nord Stream 2 é alvo de sanção
Controverso, o projeto liderado pela russa Gazprom conta com investidores ocidentais. Desde o início da estruturação do projeto, em 2019, a Nord Stream 2 AG assinou acordos de financiamento com Engie, OMV, Shell, Uniper e Wintershall Dea.
O CEO do consórcio, Matthias Warnig, foi incluído na lista de pessoas e instituições sancionadas pelo Tesouro dos EUA esta semana.
O mega projeto de mais de US$ 10 bilhões consiste em um gasoduto offshore de 1,2 mil km no Mar Báltico, para duplicar a rota de interconexão entre a Rússia e seu principal importador de gás natural, a Alemanha.
O comissionamento começou em outubro do ano passado.
Desde a sua concepção, é alvo de uma disputa geopolítica entre Rússia e países ocidentais — eles próprios, potenciais supridores de gás para a Europa, como os EUA, que se tornou um exportador de GNL.
O conflito foi mediado pela Alemanha, sob o comando de Angela Merkel e, agora, do social-democrata Olaf Scholz. O país chega a consumir 70% dos volumes de gás natural russo que abastecem a Europa.
“Não podemos aceitar o reconhecimento e por isto é tão importante reagir rápido”, disse
Scholz ao anunciar que o consórcio terá sua licença para operar na Alemanha obstruída, impedindo a operação na chegada do gasoduto.