Presidente ressaltou a importância da parceria entre os dois países e destacou necessidade de rediscutir acordos para fortalecer relações econômicas e comerciais.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, discursou, nesta segunda-feira, 30 de setembro, na abertura do Seminário Empresarial Brasil-México, encontro que promove a relação comercial entre os dois países. Lula está na capital do país mexicano, Cidade do México, em visita oficial até esta terça, dia 1º de outubro.
O evento ocorre paralelamente aos compromissos do presidente Lula, que está no México para participar da posse da primeira presidenta eleita no país, Claudia Sheinbaum. “Sou muito grato pela relação de amizade com empresários, sindicalistas, políticos, partidos e com movimentos sociais que eu fiz no México. É uma alegria imensa estar aqui”, declarou Lula em sua fala inicial.
O encontro também é estratégico para discutir as principais pautas que levarão ao desenvolvimento da economia dos dois países. O objetivo do fórum é identificar oportunidades de negócios, parcerias e investimentos entre as duas maiores economias da América Latina. As reuniões integram o encontro de empresários brasileiros e mexicanos promovidos pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) para incentivar maiores trocas comerciais e de investimento entre os dois países.
PIB — Brasil e México são as duas maiores populações e economias da América Latina, representando cerca de 65% do PIB latino-americano. Lula fez um balanço sobre a economia brasileira, citando que, neste ano, a economia do Brasil poderá crescer 3,5%, contrariando especulações. “Em função da realidade da economia mundial hoje, é um crescimento muito virtuoso e é resultado de muito trabalho”, afirmou.
ACORDOS – O presidente também ressaltou a importância da parceria comercial do México com o Brasil e destacou a necessidade de rediscutir acordos. “O potencial da economia mexicana e brasileira é extraordinário. Eu acho que nós ainda não conseguimos utilizar 70% do potencial que nós temos e, por isso, precisamos fazer novos acordos. Discutir a fundo, sem medo de discutir, tendo sempre em conta que uma boa política de relação comercial é uma via de duas mãos”, declarou Lula, que enfatizou o potencial da economia dos dois países.
EQUILÍBRIO – Lula mencionou a necessidade de manter um equilíbrio nas relações comerciais entre Brasil e México. Para o presidente do Brasil, também é necessário o diálogo permanente com os empresários. “É preciso que haja um balanço equilibrado nessa relação política comercial, porque ninguém aguenta ter déficit a vida inteira. É preciso a gente ter um equilíbrio. É assim que nós temos que trabalhar. E é por isso que eu faço questão de conversar com os empresários, porque eu preciso trazer de volta a civilidade nas relações políticas do Brasil.
FOMENTO – O líder brasileiro também enfatizou o desejo de fomentar o crescimento econômico em várias frentes, e destacou a área tecnológica, com o desenvolvimento de inteligência artificial. “Eu quero fazer negócio, crescer economicamente. Quero que as nossas indústrias cresçam, que a nossa agricultura cresça, eu quero que a gente invista na construção de uma inteligência artificial que possa resultar em benefícios econômicos para nós, para as nossas mulheres, crianças, para o nosso futuro. Isso está nas nossas mãos. Temos inteligência suficiente para isso”, disse.
SETORES – Participaram da reunião empresas como a Natura, a Marcopolo, Bimbo, Nestlé, Femsa, Inbev e Oxxo, e também empresas dos setores agropecuário e automobilístico, que relataram suas atuações nos dois países. Os grupos mexicanos ou internacionais que operam no Brasil presentes na reunião falaram da satisfação e crescimento do Mercado brasileiro, e a importância da superação de barreiras e maior integração entre os dois maiores mercados latinoamericanos, que se situam entre os maiores mercados do mundo para seus produtos.
PROPOSTAS — O evento foi realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE). Na cerimônia, foram entregues ao presidente Lula as propostas e recomendações do Conselho Empresarial Brasil-México (Cebramex). A Declaração trata das prioridades dos setores privados de ambos os países em favor de melhorar o ambiente empresarial.
Também foi realizada a assinatura de Convênio entre a ApexBrasil, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e a COMCE. O memorando tem como objetivo promover a cooperação para fortalecer as relações comerciais entre Brasil e México e estabelecer as bases para organização de missões comerciais, além da promoção comercial para gerar novas oportunidades de negócios para ambos os países.
A Embraer e a Federação Mexicana da Indústria Aeroespacial também assinaram um memorando que tem como objetivo identificar e promover oportunidades no setor aeroespacial.
ACORDOS — De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Brasil quer aprofundar dois acordos de complementação econômica entre os dois países: os Acordos de Cooperação Econômica – ACE 53 e o ACE 55, para comércio de produtos automotivos. O ACE 53 estabelece a eliminação ou redução de tarifas de importação para um universo de aproximadamente 800 posições tarifárias, por meio da concessão de margens de preferência recíprocas entre Brasil e México. Esse instrumento prevê ainda que, no caso do Brasil, as importações de produtos constantes no acordo não estarão sujeitas à aplicação do Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM);
Por meio do ACE 55, Brasil e México estabeleceram o livre comércio para o intercâmbio comercial de automóveis; veículos comerciais leves, chassis com motor e cabina e carroçarias para estes veículos, caminhões e chassis com motor e cabina; tratores agrícolas, ceifeiras, máquinas agrícolas autopropulsadas e máquinas rodoviárias autopropulsadas; e autopeças para os produtos automotivos listados.
RELAÇÕES — Em 2023, o Brasil exportou US$ 8,57 bilhões ao México e importou US$ 5,54 bilhões, o que representou superávit de US$ 3,03 bilhões a favor do Brasil, maior valor registrado desde 2006. A balança comercial é diversificada e com predomínio de itens de alto valor agregado. Um exemplo foi a venda, em junho passado, de 20 aeronaves da Embraer para a empresa Mexicana de Aviación. Os investimentos mexicanos no Brasil somaram mais de US$ 10 bilhões em 2023, o que representa cerca de 1% do estoque de investimento estrangeiro no país. Segundo o Banco Central, existem 149 empresas de capital mexicano no Brasil, que operam em segmentos como telecomunicações (América Móvil, controladora das empresas Claro, Net e Embratel), siderúrgico (Grupo Simec), bebidas (Coca-Cola FEMSA), varejo (OXXO) e alimentos (grupos Bimbo e Lala).
Fonte: Comunicação | Palácio do Planalto