Foto: Ricardo Stuckert / PR

Retomar o protagonismo no cenário internacional, consolidar-se como potência na transição energética, tornar-se um mercado cada vez mais atraente a outros países e fortalecer a democracia. Em coletiva com a imprensa nesta quinta-feira (30/1), no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a ressaltar o papel de liderança reconquistado pelo país no plano geopolítico, reforçou a importância de sediar eventos como G20, no ano passado, e BRICS e COP30 neste ano, e enfatizou a importância de proteger os valores de democracia.  

“Eu não tenho nenhuma humildade de dizer para vocês que fizemos o mais importante G20 da história. Agora, vamos repetir com o maior BRICS e fazer a melhor COP, no coração da Amazônia, onde ninguém acreditava que fosse possível. Em qualquer parte do planeta, as pessoas dão palpite sobre a Amazônia. Todo mundo é especialista, todo mundo quer proteger. Então, vamos fazer lá, na cidade de Belém, para que as pessoas saibam o que é a Amazônia, para que as pessoas vejam a grandeza da natureza da Amazônia”.

Para o presidente, o evento na capital paraense é a oportunidade para que as nações contemplem na prática as necessidades de investimentos para mitigar efeitos das mudanças climáticas, e a chance de que conheçam como vivem ribeirinhos, indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais. “Essa COP30 vai ser um balizamento do que vamos querer daqui para frente. Vão estar indígenas para discutir, quilombolas, chefes de Estado e especialistas. Nós queremos uma coisa muito verdadeira”, disse. E completou:  

“Se a gente não fizer uma coisa forte, essas COPs vão ficar desmoralizadas, porque aprovam medidas, fica tudo bonito no papel e depois nenhum país cumpre. Os países ricos se comprometeram a dar 100 bilhões de dólares por ano para países de desenvolvimento, em Copenhague, em 2009, e até hoje não deram”, cobrou o presidente, citando novas promessas de financiamento realizadas na COP do ano passado, em Baku, no Azerbaijão, e a necessidade de dar proteção a quem depende dos ecossistemas a serem preservados. “Embaixo da copa de cada árvore existe um indígena, um ribeirinho, um trabalhador rural. Essa gente precisa viver, tem que ter acesso às coisas que todo mundo tem, bens materiais que a civilidade conquistou”, completou. 

EXPORTAÇÕES – O presidente citou ainda o bom momento do comércio externo brasileiro, que abriu mais de 300 mercados a produtos agrícolas nacionais nos últimos dois anos. “Aquilo que a gente falava há 20 anos, que parecia um sonho, virou verdade. O Brasil virou o celeiro do mundo. Prova é que abrimos 300 mercados novos em dois anos. E ainda fizemos um acordo com a União Europeia, que é o maior bloco comercial do mundo”, lembrou o presidente.

ALIANÇA GLOBAL – Lula reforçou ainda que a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma das principais conquistas do Brasil à frente do G20 em 2024, vai ter o primeiro grande evento em maio, com todos os ministros de agricultura dos países africanos. “Nós vamos fazer uma reunião para mostrar o que temos de bom no combate à fome no Brasil, levá-los a campo para ver o que está acontecendo e fazer uma reunião técnica coordenada pela Embrapa, pelo Ministério das Relações Exteriores, para transferir um pouco de conhecimento aos nossos companheiros africanos para ver se a gente combate a fome de verdade”.

REFORMA TRIBUTÁRIA – O presidente citou também os efeitos da reforma tributária, a primeira aprovada num regime democrático na história do Brasil, para diversificar os negócios brasileiros com o exterior no futuro. “Uma coisa que o mundo vai agradecer é a aprovação da reforma tributária, que vai entrar em vigor em 2027 e permitir que o Brasil passe a ser um país mais atrativo para investimentos de estrangeiros e mais seguro para os investimentos nacionais”.

DEMOCRACIA – Sobre o contexto internacional, o presidente reforçou a importância de que todos entendam a importância de lutar pela permanência da democracia e das instituições democráticas e representativas, não só no Brasil. “Não é possível o que está acontecendo no mundo com a democracia. A democracia, na verdade, será a grande derrotada se a gente permitir o crescimento da extrema direita no mundo inteiro, se a gente permitir a vitória das fake news, como está acontecendo, e se a gente permitir que a mentira, sabe, saia vitoriosa, ganhando da verdade”.

RECIPROCIDADE – O presidente brasileiro comentou, ainda, sob a perspectiva de anúncios de taxação de produtos brasileiros em função da mudança na administração dos Estados Unidos. Para Lula, a questão passa pelo campo da reciprocidade. “É muito simples. Se taxarem os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil”, afirmou. “Quero respeitar os Estados Unidos e quero que o presidente Donald Trump respeite o Brasil. Da minha parte, o que quero é melhorar a nossa relação com os Estados Unidos, exportar mais se for necessário, importar mais se for necessário, e a gente manter a nossa relação, que é de 200 anos”.

Fonte: Comunicação | Palácio do Planalto