O “forte crescimento” da economia brasileira nos últimos três anos é destaque no relatório da consulta realizada pela Diretoria Executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) com o Brasil nos termos do Artigo IV. Concluída na segunda-feira (14/7), a consulta fez parte das discussões bilaterais do órgão com seus países-membros, ocasião em que uma equipe de especialistas visita o país, coleta informações econômicas e financeiras e debate com as autoridades a evolução da economia e as políticas públicas. Com base nessas discussões, o relatório é elaborado e debatido pelo Conselho Executivo do FMI. O documento final foi publicado em www.imf.org/Brazil.
Segundo o FMI, o ritmo de crescimento da economia surpreendeu positivamente e, conforme esperado pelo Fundo, está dando sinais de moderação. O Fundo projeta que o crescimento desacelere de 3,4% em 2024 para 2,3% em 2025, “em meio a condições monetárias e financeiras restritivas, à redução do apoio fiscal e ao aumento da incerteza política global”. No médio prazo, a previsão é que o crescimento se recupere e alcance 2,5%, apoiado na normalização da política monetária e em fatores estruturais positivos, como a implementação da Reforma Tributária do consumo – a qual o Fundo considera que “aumentará a eficiência” da economia – e o crescimento da produção de hidrocarbonetos.
Inflação e balanço de riscos
A projeção do FMI é que a inflação atinja 5,2% ao fim de 2025 e convirja gradualmente para a meta de 3% até o final de 2027. O Fundo avalia que a inflação cresceu em 2024 devido à forte demanda, ao aumento nos preços dos alimentos e à desvalorização cambial, superando o intervalo de tolerância da meta. O relatório também destaca que o Banco Central iniciou um novo ciclo de aperto monetário em setembro de 2024, decisão considerada “apropriada e coerente” com o objetivo de trazer a inflação e suas expectativas de volta à meta.
O FMI afirma que os esforços do governo brasileiro para melhorar a posição fiscal ao mesmo tempo em que busca atender às necessidades de gasto social e de investimento são bem-vindos, mas medidas adicionais podem ser necessárias. O Fundo vê como positiva a agenda brasileira de crescimento inclusivo e sustentável, especialmente com o avanço das medidas do Plano de Transformação Ecológica (PTE) e da Reforma do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), proposta pelo governo em 2025.
O relatório aponta que o balanço de riscos para o crescimento pende para o lado negativo, em razão do aumento da incerteza política global, embora, no curto prazo, o consumo das famílias acima do esperado possa impulsionar o crescimento. No médio prazo, os riscos positivos estão associados à implementação mais rápida de reformas que aumentem a produtividade e ao avanço do PTE concebido pelo Ministério da Fazenda.
Avaliação da Diretoria Executiva
Os diretores executivos do FMI saudaram o desempenho da economia brasileira, a queda do desemprego e da pobreza nos últimos anos, e elogiaram o progresso em reformas estruturais. A Reforma Tributária foi destacada como elemento-chave para o aumento da produtividade, assim como a proposta de reforma do IRPF que, segundo o FMI, contribuiria para fortalecer a progressividade do sistema e melhorar a mobilização de receitas internas.
Também foram elogiados os esforços do Brasil em fóruns multilaterais, o combate ao desmatamento e a liderança em inovação financeira. O FMI considerou que o Brasil está no caminho certo para cumprir suas metas climáticas. Destacou, também, que ações para aumentar a participação da força de trabalho – especialmente feminina –, simplificar regulações e melhorar a qualificação profissional são fundamentais para ampliar os ganhos em inclusão social e sustentabilidade do crescimento.
Fonte: Comunicação | Ministério da Fazenda