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Para analistas, não há ainda indicações de divisão nas classes política e econômica dominantes, apesar de divergências táticas sobre o conflito.

MOSCOU — O presidente Vladimir Putin ainda mantém a lealdade pública da elite política da Rússia, apesar dos protestos contra a invasão da Ucrânia e das sanções internacionais sem precedentes que seu país enfrenta.

Sem fim à vista: Após um mês, guerra tem campanha estancada, negociações difíceis e crise humanitária.

Artistas e grandes figuras da mídia russa se manifestaram contra a guerra, e até mesmo grandes empresários fizeram críticas veladas. Mas, depois de um mês de guerra, não houve dissidência no círculo íntimo de Putin ou entre os pesos pesados da política russa. 

— Não houve indicação de uma divisão na classe dominante — disse a fundadora da empresa de análise R.Politik, Tatiana Stanovaya. — Há um consenso total, embora talvez com divergências táticas.  

A especialista considerou que deve ser feita uma distinção entre ter reservas quanto à invasão e estar preparado para agir. 

— As pessoas estão em choque e muitos acreditam que isso é um erro. Mas ninguém pode agir, todos estão focados em sua sobrevivência — acrescentou.

Recuo: Forças russas chegam ao seu limite e freiam operação para repensar estratégia militar

Fontes diplomáticas ocidentais dizem que, apesar do forte impacto das sanções na economia russa, ainda não há sinais de que isso se traduzirá em mudança política. A principal crítica local à invasão, segundo Tatiana, vem de forças “periféricas” da extrema direita que consideram que ela não é suficientemente agressiva.

A televisão estatal russa domina a narrativa, retratando o que o Kremlin chama de “operação militar especial” na Ucrânia como uma missão heroica contra a agressão ocidental.  A oposição liberal desapareceu, os partidos representados no Parlamento geralmente seguem a linha do Kremlin em todas as questões, e o maior rival de Putin, Alexei Navalny, está na prisão.

Guerra na Ucrânia:  Zelensky pediu protestos globais nesta quinta, que marcou um mês do conflito.

Fonte: O Globo