Foto: Zahyra Mattar/Divulgação

O Laboratório de Parasitologia e Doenças Parasitárias (Lapar), no Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em Lages, realizará a avaliação de uma vacina inédita contra a toxoplasmose felina, doença para qual ainda não há imunizante. Os protocolos para o teste de eficácia da vacina foram delineados pelo professor Andreas Lazaros Chryssafidis, do Departamento de Medicina Veterinária, que conduz o estudo junto com sua equipe do Lapar. A pesquisa é patrocinada pela empresa francesa Vaxinano, desenvolvedora do imunizante e vinculada à Universidade de Lille, na França. A empresa financiou a instalação da unidade experimental e a execução do projeto, incluindo bolsa de iniciação científica para alunos de graduação em medicina veterinária do campus de Lages, um investimento de cerca de R$ 160 mil. Os testes devem começar ainda neste semestre.

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Os protocolos para o teste de eficácia da vacina foram delineados pelo professor Andreas Lazaros Chryssafidis, do Departamento de Medicina Veterinária, que está conduzindo o estudo junto com sua equipe do O Laboratório de Parasitologia e Doenças Parasitárias (Lapar) – Foto: Ricardo Wolffenbüttel | Divulgação

O estudo é pioneiro no mundo. Além disso, esta é a primeira vez que uma empresa europeia financia uma universidade pública brasileira para realizar testes de eficácia de uma vacina experimental. Outro ponto de destaque é que o imunizante que será avaliado foi desenvolvido em forma de spray intranasal, mais uma inovação da pesquisa. “O objetivo da vacina é estimular a memória imune celular das mucosas dos felinos para reduzir ou impedir a eliminação de oocistos nas fezes, quebrando a cadeia de transmissão do Toxoplasma gondii”, explica Andreas, que tem vasta experiência na elaboração e execução de estudos de eficácia e, na Europa, prestava serviço para diferentes companhias da indústria farmacêutica. O desenvolvimento da vacina é chefiado pelo professor Didier Betbeder, presidente da Vaxinano e cientista com longa carreira em pesquisas com adjuvantes vacinais baseados em nanotecnologia. No Lapar, os testes para comprovar a eficácia do imunizante devem levar de um a dois anos.

Importância epidemiológica
A toxoplasmose é uma doença que pode gerar graves complicações na saúde animal e humana, principalmente em gestantes e em indivíduos com o sistema imunológico debilitado. A doença é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, que pode ser encontrado nas fezes de gatos e outros felinos. “Os gatos apenas eliminam o agente uma vez na vida e os oocistos levam pelo menos dois dias no ambiente para se tornar infectante. Então, a limpeza diária da caixa de areia dos gatos praticamente elimina o problema dentro de casa”, informa o professor. Quando os gatos são infectados pelo parasito pela primeira vez na vida, acabam eliminando oocistos nas fezes, que se espalham pelo meio ambiente e podem infectar diferentes espécies animais.

Após o período inicial da infecção, o parasito entra em um estado de dormência, alojando-se por todo o corpo dos animais infectados. “Essa é a parasitose considerada de maior sucesso no mundo porque onde há animais de sangue quente há Toxoplasma gondii”, detalha Andreas. O maior risco de transmissão para seres humanos é, justamente, a ingestão de carne contaminada crua ou mal passada, principalmente de animais de caça, pequenos ruminantes e suínos. “Com a quebra dessa cadeia de transmissão, tanto a saúde animal quanto a humana ficarão protegidas”, valoriza o pesquisador.

Fonte: Governo de Santa Catarina
Edição: Zahyra Mattar | Notisul