JOANA CUNHA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Entidades que reúnem caminhoneiros começaram a organizar uma caravana para protestar contra a política de preços da Petrobras. A intenção dos motoristas é partir de Curitiba (PR) no dia 20 de maio e percorrer diversas cidades do Brasil, onde carreatas serão organizadas.

A carreta que vai “puxar” a caravana já está quase pronta, segundo o presidente da ANTB (Associação Nacional de Transporte do Brasil), José Roberto Stringasci, e vai circular sob a assinatura de um movimento batizado de “Soberano Brasil”. Sob uma lona verde e amarela, pedem o fim do PPI (Preço de Paridade Internacional) e a reestatização de empresas estratégicas.


A lista de cidades está sendo definida de acordo com os locais onde lideranças da categoria conseguirem mobilizar outros protestos.


A troca no comando da Petrobras, ocorrida após a disparada dos preços dos combustíveis, não acalma os ânimos em setores com custos sob pressão. Na quinta (14), José Mauro Coelho assumiu a presidência da estatal e defendeu a política de paridade de preços.
Para Plínio Dias, presidente do CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas), é lamentável que o governo ainda apoie a paridade. “O Brasil sempre paga o pato”, afirma. “Podíamos ter um petróleo em real e não em dólar.”


O diretor da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), Carlos Alberto Litti Dahmer, também vê a substituição como sem efeito enquanto estiver em vigor a política de paridade de preços.


“Pode trocar toda semana que não vai mudar nada. Tudo o que ele diz traz o mesmo conceito de quem estava lá antes, não tem nada de novo. Você muda as moscas, mas o cheiro é o mesmo”, diz.


Litti, que é caminhoneiro autônomo de Ijuí (RS), critica também a velocidade com que a Petrobras repassa as quedas de preços do barril de petróleo e da cotação do dólar, a que ele considera incompatível.


Na avaliação de Wallace Landim, o Chorão, presidente da Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores), o efeito em cadeia da alta dos combustíveis já é visto nos preços dos alimentos.


“Não temos para onde correr, nossa única opção é repassar o aumento do diesel para o preço do frete, e o resultado nos vemos nas prateleiras do supermercado, e quem sofre são os mais pobres, que não conseguem mais comer.”

POR FOLHAPRESS