O viajante já se acostumou a ficar de olho em promoções de passagens aéreas, em função de descontos especiais para determinados trechos. Nos últimos anos, esta prática tem chegado também ao mercado rodoviário, estimulado pelo aumento da concorrência digital e pela maior oferta de veículos, seja plataformas digitais ou pelas tradicionais viações. 

Estudo da startup catarinense BuscaOnibus, plataforma de comparação de preços no mercado rodoviário que concentra informações de mais de 250 empresas do setor, mostra que, nas principais cidades catarinenses, há variações de 500% a quase 18.000% em trechos de grande procura. 

Em abril, quem procurou uma viagem de ônibus entre Blumenau e São Paulo, por exemplo, poderia encontrar o bilhete mais barato por R$ 69,63, enquanto o mais caro chegava a R$ 389,99 – uma diferença de 460%. Para os viajantes de Joinville, o trecho para a capital paulista trazia opções entre R$ 68,25 e R$ 469,99 – variação ainda maior, de 588%.

De Florianópolis a Curitiba (PR), há ofertas entre R$ 30 e mais de R$ 600, enquanto o trecho da capital catarinense até São Paulo (SP) apresentou flutuação entre R$ 89 e R$ 640.

Já quem sai de Criciúma, no Sul do estado, rumo Florianópolis pode encontrar passagens entre R$ 17,90 e R$ 78,74 – diferença de 339%. De Chapecó à capital catarinense, um trecho de 550 km, as opções variam de R$ 105 a R$ 239 – ainda assim, um valor de quatro a cinco vezes abaixo da passagem aérea. 

COMPRA ANTECIPADA

Como lembra o CEO e fundador do BuscaOnibus, José Almeida, estas variações “não se devem apenas à diferença de qualidade de serviços (ônibus executivo, semi-leito, leito e cama), mas também pela forma como as empresas estão utilizando fatores como a compra antecipada e a disponibilidade de assentos para gerar uma flutuação de preços como ocorre no aéreo e não acontecia há até pouco tempo no rodoviário”. 

Em alguns casos, a diferença foi extrema, como ofertas para um trecho como Joinville/Curitiba variando de R$ 3,50 a até R$ 632,00 (17.996%), como a plataforma identificou recentemente. “Por um lado, há promoções agressivas de empresas digitais que querem ganhar mercado. Mas não é só isso. O setor rodoviário tem investido muito em conforto e serviços, então algumas determinadas linhas mais longas (até 800 km, por exemplo) podem até competir na experiência do usuário com o aéreo – também porque o aumento das passagens tem feito o consumidor buscar alternativas”, ressalta o diretor. 

E à medida que os consumidores compreenderem este novo cenário, mais competitivo e que privilegia a compra antecipada, “mais opções de passagens promocionais devem ser exploradas pelas empresas. É muito diferente de quando você chegava ao balcão da rodoviária com poucas opções e preços tabelados”, explica.