A situação do conflito envolvendo Rússia e Ucrânia demanda cautela, prudência e um acompanhamento muito atento dos desdobramentos. A análise foi feita nesta quinta-feira (24) pelo presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar. Ele entende que há um risco iminente de elevação dos custos logísticos e de frete, impactando o comércio exterior de Santa Catarina e do Brasil, especialmente para insumos industriais importados dos dois países. “Se o conflito recrudescer, a logística ficará comprometida. O espaço aéreo já está fechado, os navios não vão poder parar nos portos da Ucrânia e, por isso, vão ter que desviar para outros países”, salienta, lembrando que tudo isso gera tensão global, mas, sobretudo, muito sofrimento à população que vive nesses países.
Apesar do comércio de Santa Catarina com a Rússia e com a Ucrânia não representar uma grande fatia no total das exportações e das importações do estado, a volatilidade que o conflito desencadeia mexe com a economia mundial. “Impacta os mercados, a confiança dos investidores e as transações em dólar. Além disso, países que estão diretamente ligados a esse conflito, como Estados Unidos e os do continente europeu, são grandes compradores de produtos catarinenses, principalmente aqueles de maior valor agregado. Então, o momento é mesmo de preocupação e devemos acompanhar atentamente todos os desdobramentos”, ressalta Aguiar.
Outro ponto negativo dessa tensão geopolítica é a escalada nos preços do petróleo. A Rússia está entre os maiores produtores e exportadores da commodity, e sua elevação tem impactos na sociedade como um todo, especialmente na inflação, que já está elevada tanto no Brasil quanto no exterior. Além disso, o conflito tende a afetar a economia de outras formas, provocando, por exemplo, a queda das bolsas de valores, o que pode prejudicar empresas e investidores.
Em 2021, a Ucrânia representou 0,06% das exportações e 0,11% das importações catarinenses. Enquanto as exportações recuaram de US$ 7,8 milhões em 2020 para US$ 5,8 milhões em 2021, as importações saltaram de US$ 4,72 milhões para US$ 27,2 milhões em 2021.
No mesmo período, SC exportou US$ 101,1 milhões para a Rússia e comprou US$ 194,3 milhões do país. Os embarques para a Rússia representaram 0,98% das exportações catarinenses em 2021, enquanto que as importações russas representaram 0,78% das compras catarinenses no exterior no ano passado.
Saiba mais sobre o comércio SC/Rússia/Ucrânia
• Em 2021, Santa Catarina importou mais de US$ 221,5 milhões de Ucrânia e Rússia. Os países são importantes fontes de matéria-prima para a indústria catarinense, em especial polímeros e fertilizantes.
• Os polímeros de cloreto de vinilo foram o principal produto importado da Ucrânia (US$13,14 milhões) em 2021. O insumo é utilizado nas indústrias de transformação para a fabricação de tubos, janelas, recobrimento de cabos, entre outros materiais. O interesse crescente pela venda da Ucrânia ocorre por conta do preço competitivo, qualidade do insumo e diversificação de fornecedores.
• Já a Rússia é um fornecedor importante de fertilizantes para Santa Catarina. Foram US$ 82,24 milhões importados no ano passado, o principal produto da pauta.
• No mesmo período, as exportações para os dois países foram na casa dos US$ 107 milhões. A Rússia é um destino importante para a carne catarinense e comprou US$ 41,83 milhões em carnes de aves no ano passado, o principal produto enviado para o país.
• Eventuais sanções comerciais contra a Rússia afetariam a exportação de carne brasileira e a importação de fertilizantes, aço e níquel vindos do Leste Europeu, por exemplo. Já a invasão na Ucrânia ampliaria a instabilidade e eventualmente a cotação do PVC. O país se tornou um grande fornecedor internacional deste produto no último ano.
Fonte: Observatório FIESC