De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil existem mais de 400 mil pessoas com ostomia, procedimento que auxilia pacientes de câncer, vítimas de acidentes e pessoas com doenças inflamatórias intestinais. Em Santa Catarina, esse número chega a 5.512 pacientes, informa a Secretaria Estadual de Saúde. Para debater os desafios enfrentados por esse contingente de pessoas aconteceu, nesta segunda-feira (10) a primeira edição do Congresso Catarinense sobre Ostomia, Incontinência Urinária e DII do sul do Brasil, no Auditório Antonieta de Barros, no Parlamento, na Capital.
Com o tema “ Pessoas Ostomizadas Importam! Tudo sobre Ostomias, Incontinências e Pessoas com DII”, o encontro reuniu, durante todo o dia, especialistas de saúde, palestrantes de todo o país, além de pacientes ostomizados, cuidadores e familiares.
Promovido pela Associação Catarinense da Pessoa Ostomizada (ACO), o Congresso conta com o apoio da Comissão de Saúde da Alesc, presidida pelo deputado Neodi Saretta (PT).
Invisibilidade
Na abertura oficial, a presidente da ACO, Candinha de Almeida Jorge, destacou a importância do debate, que tem como desafio dar visibilidade aos pacientes ostomizados.
“Santa Catarina é um Estado referência em ações efetivas na defesa dos pacientes ostomizados”, reconheceu. Ela se refere ao fato da doença ser invisível e imperceptível aos olhos da sociedade.
“Pela legislação, as pessoas ostomizadas são consideradas pessoas com deficiência física e, em razão disso, podem usufruir dos direitos que a lei garante. No entanto, quando vamos solicitar esse benefício, a carteira de PCD, enfrentamos barreiras. Muitas vezes, a carteira é negada”, avalia. Para ela, esse fórum é importante para combater esse tipo de preconceito contra as pessoas que utilizam o procedimento da estomia. “ Queremos ultrapassar barreiras para promover trocas de experiências e divulgar informações”, pontuou.
Referência Nacional
Santa Catarina considera a cirurgia de reversão dos ostomizados como tema sensível, de urgência.
A informação foi transmitida pelo secretário de Saúde do Estado, Diogo Demarchi Silva, que explicou que assim como os procedimentos oncológicos, os pacientes ostomizados são classificados “ como uma cirurgia eletiva naturalmente sensível e de urgência”.
“Desde 2023, são assim classificados visando dar celeridade a essas cirurgias”, informou. “ Nosso Estado é referência. Conseguimos avançar, mas precisamos melhorar ainda mais. E a iniciativa é justamente construir novos caminhos, para que possamos entregar mais qualidade de vida para os catarinenses”.
Hoje Santa Catarina tem 5.512 pacientes cadastrados, sendo 5.243 de estomias intestinais e urinárias e 269 respiratórias. Na espera pelo procedimento existem 133 catarinenses, revelou o secretário.
Santa Catarina é o único estado do país que possui os insumos padronizados para a reabilitação fonatória e pulmonar. Do total dos 10 itens fornecidos aos pacientes, apenas a laringe eletrônica é disponibilizada pelo Ministério da Saúde, os demais são adquiridos com recursos da Secretaria Estadual da Saúde (SES).
O médico urologista da Universidade Federal de Minas Gerais, doutor Rodrigo Lolli, que foi o primeiro palestrante do dia, abordou a respeito dos cuidados com as urostomias e como evitar infecções urinárias. “ É uma população de pacientes que muitas vezes carecem de informações a respeito de cuidados de higiene e de entendimentos a respeito dessas mudanças que irão fazer parte de sua rotina”, avaliou.
Para entender
A ostomia é um procedimento cirúrgico que cria o estoma, um orifício, na parede abdominal, na uretra ou na traqueia, de maneira definitiva ou provisória. É uma cirurgia realizada com o objetivo de construir um caminho alternativo de comunicação com o meio exterior, para eliminar a urina ou as fezes, assim como auxiliar na respiração ou na alimentação, promovendo uma maior qualidade de vida ao paciente
Valquíria Guimarães
AGÊNCIA AL