Foto: Jeferson Baldo / Agência AL

A falta de capacitação para o diagnóstico de estudantes com superdotação ou altas habilidades foi um dos apontamentos feitos pelos participantes da audiência pública realizada no fim da tarde desta terça-feira (27) pela Assembleia Legislativa. O encontro, promovido pela Comissão de Educação e Cultura da Alesc, tratou do atendimento prestado pela rede escolar a alunos com essas características.

Pessoas com superdotação ou altas habilidades são aquelas reconhecidas com maior capacidade e velocidade de aprendizado. A audiência, proposta pela deputada Luciane Carminatti (PT), presidente da Comissão de Educação, buscou apontar os principais problemas para o atendimento desse público nas escolas.

Durante mais de duas horas, pais, professores, educadores e especialistas na área abordaram esses problemas. Além da necessidade de capacitação para o diagnóstico correto das altas habilidades e da superdotação, os participantes também elencaram como desafios mudanças na legislação que trata do assunto e mais investimentos na estrutura escolar destinada ao atendimento desse público.

Ao final do encontro, Luciane apontou como encaminhamento principal a elaboração de um planejamento com base nas prioridades elencadas na audiência, com a presença de vários órgãos, como as representações dos alunos com superdotação e altas habilidades, governo estadual, municípios, Ministério Público, universidades, entre outros.

“Hoje foi uma noite de aprendizado”, disse Luciane. “O diagnóstico errado talvez seja um dos problemas mais graves. Agora, com base no que foi apresentado, vamos sentar para construir um planejamento que aponte o que será prioridade.”

O deputado Fernando Krelling (MDB), que coordena a frente parlamentar da Alesc sobre o assunto, afirmou que o grupo atuará em conjunto com a Comissão de Educação para tratar das questões levantadas na audiência. “Identificamos várias situações, e ficou claro que se não houver investimento público na capacitação, vamos chover no molhado”, afirmou.

Diagnóstico
Dados de 2024 apontam que num universo de 1,8 milhão de estudantes em Santa Catarina, 2.836 foram identificados como superdotados ou altamente capacitados. Esse número, no entanto, pode estar subestimado.

“Quem tem que identificar os alunos com superdotação é a escola, mas não é isso que acontece”, disse Ludmille Garcia de Almeida, presidente da Associação Catarinense para Altas Habilidades e Superdotação. Ela apontou a necessidade de capacitação multidisciplinar e de busca ativa, além de relatar dificuldades para acessar a estrutura disponível para o atendimento desse público.

“O que tem não está sendo suficiente, ou sendo ineficiente. Ou os recursos são poucos ou não estão sendo aplicados”, completou Ludmille.

Francine Beluck, do Movimento Superdotação no Mapa, afirmou que os núcleos para atendimento são poucos e em locais específicos, e as escolas particulares se esquivam de qualquer obrigação. “Esses alunos precisam de atendimento com equidade, pois as adversidades que enfrentam vem da falta de respeito com o ritmo de aprendizado, falta de oferta de atividades e conteúdos desafiadores, falta de dialogo sobre as regras e falta de acolhimento a suas intensidades e sensibilidades”, completou.

A presidente da Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), Jeane Probst Leite, afirmou que o trabalho desenvolvido com esse público em Santa Catarina segue as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Educação. Ela reconheceu a necessidade de capacitação, mas afirmou que a fundação tem investido nessa área.

“Não precisamos de políticas novas. Precisamos buscar as novas teorias a respeito, mas, também ampliar e tornar esses políticas efetivas para que o trabalho aconteça”, declarou.

O representante da Secretaria de Estado da Educação (SED) na audiência, Anderson Floriano, informou que a rede estadual conta com 879 alunos identificados com superdotação ou altas habilidades.  Ele destacou a importância da formação dos professores e da capacitação continuada. “Ferramentas nós temos, temos um currículo rico para a aplicação dessas metodologias, mas precisamos formar nossos professores”, destacou.

Marcelo Espinoza
Agência AL