Ministros e presidentes da Petrobras e Apex integram reunião ampliada com autoridades bolivianas e debatem avanços em áreas como agropecuária, infraestrutura, energia e meio ambiente.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Bolívia, Luis Arce, tiveram nesta terça-feira (9/7), em Santa Cruz de la Sierra, uma reunião bilateral seguida de encontro ampliado com autoridades dos dois países. Na ocasião, foram tratados avanços em temas estratégicos para as duas nações, como agricultura, energia e infraestrutura, além de ações conjuntas voltadas para proteção do meio ambiente e transição energética.
Lula destacou a cooperação entre Brasil e Bolívia na política industrial para exploração e manufatura do lítio e ressaltou a importância do desenvolvimento conjunto dos dois países, com fortalecimento da cooperação comercial, em especial na produção de fertilizantes.
O presidente expressou felicidade pela adesão plena da Bolívia ao Mercosul e afirmou que é importante que o povo boliviano esteja ciente da importância estratégica da entrada do país no bloco.
Lula frisou a colaboração entre Brasil e Bolívia nas iniciativas voltadas à transição energética, destacando o potencial para a produção de gás natural, de energia eólica e de etanol. Disse ser fundamental que os países atuem em estreita colaboração nos trabalhos realizados nas fronteiras, exaltando que a Polícia Federal brasileira participa desta cooperação no combate ao crime organizado.
O líder brasileiro mostrou-se feliz, ainda, com o avanço das agendas comerciais, logísticas e produtivas entre os países, consideradas estratégicas. Declarou que Brasil e Bolívia vivem uma nova era em suas relações e que devem sempre contar com bons projetos para incentivar o crescimento mútuo. “É hora de trabalhar, desenvolver projetos. O que gera financiamento é a qualidade dos projetos e não o contrário”, resumiu o presidente brasileiro.
ARCE – Pelo lado boliviano, Luis Arce reforçou a proximidade que tem com o presidente Lula e elogiou a fluidez e frequência dos contatos entre ambos. Esta foi a primeira vez que o presidente brasileiro visitou o país neste terceiro mandato, mas o quinto encontro entre os dois. Arce esteve no Brasil na posse do presidente Lula (janeiro de 2023), na Cúpula de Presidentes da América do Sul (maio de 2023), na Cúpula da Amazônia, em Belém-Pará (agosto de 2023) e na Cúpula do Mercosul, no Rio de Janeiro, em dezembro do ano passado. O presidente da Bolívia também valorizou a perspectiva de cooperação na produção de fertilizantes e na área de mineração, destacou a importância do processo de mecanização da agricultura, e elogiou o reforço de rotas logísticas entre os dois países.
LOGÍSTICA – O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, destacou alguns dos pontos debatidos no encontro, em especial a possibilidade de conexão logística pelo Pacifico, relevante para exportações do agronegócio. Ele citou a redução do custo e do tempo de transporte a partir de obras de infraestrutura, além da produção de fertilizantes. Em complemento, aministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, ressaltou a importância das parcerias voltadas a pontes e hidrovias e o reforço alfandegário nas fronteiras com a Bolívia. Das cinco rotas logísticas do Novo PAC, a 3 e a 4 envolvem a Bolívia. Elas encurtam o caminho para o comércio usando portos do Pacifico. Tebet frisou parcerias com bancos multilaterais para financiar as obras, que resultarão em redução expressiva dos custos e do tempo de transporte.
ENERGIA – O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, frisou que a Bolívia é muito importante para a segurança energética da América do Sul e a expansão de investimentos brasileiros na Bolíva. Destacou a produção abundante de potássio e uréia, fundamentais para a produção de fertilizantes. No campo da energia hidrelétrica, o ministro falou sobre os planos para aumentar o potencial da usina de Jirau em 377MW. Segundo ele, as negociações também estão em bom estágio no que diz respeito à produção e transporte de gás (inclusive o produzido na Argentina).
GÁS NATURAL – A Bolívia é o principal fornecedor de gás natural para o Brasil. Responde por dois terços das importações nacionais. O produto compõe 86% das exportações da Bolívia ao Brasil. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, exaltou os 28 anos de cooperação da Petrobras com a Bolívia nessa área. Segundo ela, novas áreas de produção estão em fase de licenciamento ambiental e podem começar a operar no ano que vem. O aumento da oferta de gás ao Brasil significa preços menores no país.
MEIO AMBIENTE – A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, lembrou que os dois países são detentores de recursos naturais e parceiros na criação de uma nova economia de baixo carbono e voltada ao desenvolvimento humano. Marina destacou que o Brasil tem cooperado para treinar brigadistas contra incêndios florestais e desmatamento e lembrou que o aumento de incêndios também afeta matas bolivianas. Segundo a ministra, o aumento de focos de calor este ano apresentou uma curva de crescimento atípica, muito maior do que em anos anteriores. Ela ressaltou as várias forças-tarefas interagências e a importância das reuniões periódicas com bolivianos, a próxima em Corumbá.
Marina destacou também a concertação de posições entre as duas nações na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade, a COP 16, que será entre 21 de outubro e 1º de novembro deste ano, na cidade colombiana de Cali; e na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 30, em Belém, em 2025. A ministra ainda falou sobre a importância dos mecanismos criativos de financiamento ambiental, com olhar para o desenvolvimento humano e os povos originários.
COMÉRCIO BILATERAL – Em 2023, o fluxo comercial entre o Brasil e a Bolívia totalizou US$ 3,31 bilhões, com superávit de US$ 278 milhões para o Brasil. A Bolívia foi o 35º principal destino das exportações e o 30º país de origem das importações brasileiras. O Brasil foi o principal destino das exportações bolivianas e o 2º país de origem de suas importações. Os principais produtos exportados pelo Brasil para a Bolívia foram siderúrgicos (ferro e aço, barras, cantoneiras e perfis – 6,1% do total), e automóveis de passageiros (3,8%). Os principais produtos importados pelo Brasil da Bolívia foram gás natural (86%) e adubos ou fertilizantes químicos (4,8%).
Fonte: Comunicação | Palácio do Planalto