Após 15 dias dedicados ao combate às queimadas no Pantanal sul-mato-grossense, a equipe do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) retornou ao estado nesta sexta-feira, 13. Os 20 combatentes foram deslocados ao Mato Grosso do Sul a pedido do governador Jorginho Mello, em um ato de apoio ao governo do MS. O envio de uma nova equipe para dar continuidade aos trabalhos já foi autorizado.
Segundo a Unesco, o Pantanal é considerado Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera, sendo um bioma que abriga 3,5 mil espécies de plantas, 325 espécies de peixes, 53 de anfíbios, 98 de répteis, 656 de aves e 159 mamíferos. Este ano, a região enfrenta a pior estiagem dos últimos 75 anos, o que tem favorecido os incêndios florestais.
Com temperaturas que ultrapassam os 40ºC, baixa umidade e fortes rajadas de vento, os bombeiros catarinenses atuaram no combate às chamas em mais de 70 mil hectares, em três municípios do MS. Segundo o tenente-coronel do CBMSC Zevir, Aníbal Cipriano Júnior, coordenador técnico da Operação Pantanal, o trabalho dos bombeiros catarinenses tem sido essencial para conter o avanço das chamas e proteger as áreas de conservação do bioma Pantanal e as comunidades locais.
“Temos equipes extremamente experientes no combate aos incêndios florestais, e com esse conhecimento foi possível aplicar técnicas avançadas de contrafogo para proteger áreas que ainda não haviam sido tomadas pelas chamas. Para esta primeira equipe, foi uma experiência muito importante, mas quem mais saiu ganhando foi o meio ambiente com o trabalho bem feito pelos bombeiros militares do estado de Santa Catarina”, destacou o coronel.
A missão desta primeira equipe ocorreu em três áreas do Pantanal sul-mato-grossense. Inicialmente, o combate foi em Aquidauana, onde os bombeiros permaneceram por sete dias enfrentando focos de incêndio. Após o controle das frentes de fogo na região, a equipe foi dividida em dois grupos, cada um composto por 10 bombeiros e três veículos 4×4. Um grupo se deslocou para o município de Miranda, em um dos principais Corredores de Biodiversidade do Mato Grosso do Sul, o Rio Salobra, que percorre a área sul do Parque Nacional da Serra da Bodoquena. O outro grupo foi para Naviraí, no Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema, onde seguiram atuando.
Condições adversas
O capitão Ricardo Bianchi, que comanda esta primeira equipe, explica que as características da região exigiram estratégias de ação diferenciadas. “Quando chegamos ao Pantanal, nos deparamos com um cenário bastante crítico, sobretudo pela extensão territorial e as condições climáticas. É muito comum encontrarmos fazendas com 30, 40 mil hectares, e eram várias fazendas pegando fogo, com condições climáticas muito desfavoráveis. É comum também aqui temperaturas entre 35ºC e 40ºC, ou até mais de 40ºC, além de ventos característicos que facilitam a propagação do fogo e a umidade relativa do ar bastante baixa. Tudo isso contribui para a propagação do fogo e dificulta as ações de combate”, explica.
“Atuamos em um bioma diferente do nosso, sob condições adversas e, principalmente, por se tratar de uma grande operação envolvendo múltiplos atores. Conseguimos trabalhar sob o sistema de comando de operação, que funcionou de forma coordenada e, dentro daquilo que nos foi designado, obtivemos êxito”, completa.
Próxima equipe
O revezamento dos combatentes já foi autorizado pelo Governo do Estado. Uma nova equipe, também composta por 20 bombeiros e seis viaturas, deverá se deslocar agora ao estado de Mato Grosso na próxima semana. Desta vez, os combatentes integrarão a Força Nacional, através da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp).
Texto: Karla Lobato | CBMSC