Estudo realizado antes da pandemia pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostrou que um terço dos usuários de internet no mundo eram crianças e adolescentes.
No Brasil, 95% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos usam a internet, de acordo com uma pesquisa de 2023, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic). Das crianças acima de 10 anos, 58% utilizam smartphones por mais de 3 horas por dia e 41% dos bebês de zero a três anos também têm acesso a celulares.
O uso excessivo de tecnologia se tornou uma das maiores preocupações da saúde pública, porque pode comprometer a saúde mental de crianças e adolescentes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) já inseriu o vício em games na lista das doenças classificadas como distúrbios mentais.
O perigo da exposição exagerada de crianças e adolescentes a telas é que o cérebro pode acabar sendo “recrutado” por esses estímulos rápidos, tornando-se uma forma de pensamento preponderante, como explica o psicólogo Cristiano Nabuco, PhD em psicologia clínica de dependências tecnológicas. “Isso faz com que essa população se torne biologicamente muito mais vulnerável a esse tipo de estimulação”, afirma o especialista que já confirmou participação no seminário online “Vício em tecnologia: o que você tem a ver com isso?”.
O evento será promovido pela Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira em parceria com o Movimento Slowphone na próxima terça-feira (19), entre 19h e 21h, com transmissão ao vivo pelos canais de youtube da Alesc e do Slowphone, reunindo profissionais das áreas da saúde e da educação que atuam no atendimento a crianças e adolescentes afetadas pelo excesso de telas.
Além de Cristiano Nabuco, também participam Roseane Bernardtt (psicóloga, psicopedagoga, conselheira do Instituto Tecnologia e Dignidade Humana); Catarina Marques (médica pediatra, psicóloga, especialista em adolescência, terapia familiar, terapia cognitiva comportamental e em psicologia positiva); Márcia Fiates (pedagoga com pós-graduação em Orientação Educacional e formação em Psicopedagogia Clínica); Marlene Fengler (ex-deputada estadual, autora da lei que cria a Semana Catarinense de Conscientização e Combate à Dependência Tecnológica, atual diretora da Escola do Legislativo da Alesc); e estudantes de Ensino Médio dee Xaxim, que criaram o Projeto Turn off para conscientizar a população sobre o uso excessivo de tecnologias.
A diretora da Escola da Alesc, Marlene Fengler, observa que Santa Catarina saiu na frente em relação ao debate sobre o problema e desde 2019 já tem uma lei estadual para chamar a atenção sobre os excessos do uso de telas por crianças e adolescentes.
“As ferramentas tecnológicas revolucionaram o desenvolvimento humano, permitindo a transposição de barreiras sociais, culturais e geográficas, interferindo em diversos aspectos da sociedade e, especialmente, na comunicação e interação entre os indivíduos. Entretanto, o impacto das tecnologias de informação cria uma nova dinâmica social e alterna o modo de vida das pessoas e a maneira de elas se relacionarem. Por isso precisamos debater essa realidade e conscientizar a sociedade sobre a questão. O vício pode transformar uma pessoa e modificar toda a estrutura familiar e é preciso que se jogue luz sobre o tema e se busque soluções e é isso que queremos com o seminário de terça-feira”, ressalta ela.
Fonte: Agência AL