A influenciadora digital Mariana Boettger foi criticada nesta quarta-feira, 23, após uma manifestação repudiada pelo patinador artístico Marcel Stürmer. Através do Instagram, Mariana descreveu sua reação negativa ao ver meninos frequentando a mesma aula de patinação que sua filha.

“Hoje quando levei minha filha na aula de patinação, me deparei com alguns meninos para fazer o teste. Mandei mensagem para meu marido e falei ‘meu Deus, olha que absurdo, tem menino querendo fazer patinação’”, relata.

Não satisfeita em ver meninos no teste para a aula de patinação artística, Mariana continua. Diz que os valores estão “invertidos dentro de casa”, e se seu outro filho – um menino – quisesse fazer as mesmas aulas, responderia que “isso é um esporte de menina”, e deveria propor que procurasse outro esporte.

Sobre os pais que permitem que meninos façam aulas de patinação, Mariana é incisiva: “parece que ao invés de ter cérebro, tem titica de galinha dentro”.

Mariana Boettger usa do Instagram para proferir versículos bíblicos, e soma mais de 300 mil seguidores que acompanham seu conteúdo sobre lifestyle e religião. Frequentemente deseja “a paz do senhor” aos seguidores nos stories, e através da biografia em seu perfil, diz ser “transformada por Cristo”. A descrição ainda incita que ajuda “mulheres a despertar para o novo Deus”, onde apresenta seu projeto de mentoria para mulheres.

Manifestações

As menções não foram nada bem recebidas pela comunidade que acompanha a influenciadora, nem por seus anunciantes. O patinador artístico Marcel Strürmer, considerado o mais importante patinador na história do país, disse que a postura da influenciadora é um “preconceito ultrapassado e arrogante”.

Através da sua conta no Instagram, Stürmer pediu que Mariana Boettger pare de “submeter esses meninos, que estão sendo felizes com o esporte que escolheram, ao seu olhar carregado de julgamentos”.

Empresas que são parceiras comerciais da influenciadora também se manifestaram. Na tarde desta quarta-feira, 23, a empresária Ana Carina Kammers, dona da Not Me Shoes, de Brusque, disse que “não admite nenhum tipo de preconceito”.

O posicionamento ocorreu após uma série de ataques que a empresa vem sofrendo desde terça-feira, 22, quando Mariana Boettger apresentava uma live no perfil da Not Me Shoes. Durante a transmissão, a empresa passou a receber comentários ao vivo.

“A apresentação da live é um trabalho terceirizado. A apresentadora é uma prestadora de serviços. A gente não compactua com nenhum tipo de preconceito, nem com nenhum tipo de linchamento virtual”, disse Ana Carina.

Ainda na terça-feira, Mariana fez um trabalho em parceria com a Móveis Santo Antonio, de Itapema, que emitiu uma nota. Escreveu que o esporte é “para todos, e a empresa, bem como seus sócios e colaboradores, não compactuam com discursos de ódio, homofobia ou qualquer tipo de insinuação que possa ferir a religião, credo, raça ou orientação sexual de qualquer pessoa”.

A Federação Catarinense de Patinação Artística (FCPA) manifestou-se condenando a postura da influenciadora. Disse que é “inegável reconhecer o quão preconceituosa ela foi, aliado ao grande prejuízo que a mesma causou ao difundir inverdades e comentários preconceituosos para um numero muito grande de pessoas que a seguem”.

Procurada pela reportagem, Mariana ainda não retornou as mensagens.

Leia nota da FCPA na íntegra:

A Federação Catarinense de Patinação Artística vem à presença de todos os atletas, pais, técnicos e amantes do esporte divulgar esta nota de repúdio contra a fala de Mariana Boettger, a qual postou um lamentável e preconceituoso vídeo na sua página pessoal do Instagram, a qual caracteriza como “absurdo” um menino “fazer Patinação”, descrevendo ainda a situação que vivenciou em uma aula experimental, alegando que os “valores estão invertidos dentro de casa” pelo fato de haver menino patinando.

Tal pessoa participou de uma aula experimental na região do Vale do Itajaí, e após isso, proferiu inverdades, comentários preconceituosos, utilizando a “religião” como base para as insanidades que disse, ridicularizando e diminuindo o nosso esporte e os homens, que o praticam em nosso estado.

Tal influencer alegou que na aula experimental haviam somente “balões cor de rosa”, mesmo tendo meninos participando da referida na aula, descrevendo que 99% dos patins tinham algum detalhe rosa, ou detalhe que segundo ela são “extremamente femininos”, caracterizando assim, segundo o triste ponto de vista que ela possui, que a patinação artística é esporte feminino.

Inegável reconhecer o quão preconceituosa ela foi, aliado ao grande prejuízo que a mesma causou ao difundir inverdades e comentários preconceituosos para um numero muito grande de pessoas que a seguem.

Nosso esporte é reconhecido internacionalmente, contando com vários atletas homens em nosso estado. Atletas estes que carregam o preconceito, por ser um “esporte arte”. Atletas com famílias formadas, independente da orientação sexual, e que acima de tudo aprenderam com o esporte a respeitar a todos, independente das escolhas e opções.

Informamos ainda que como federação, daremos andamento em todas as medidas judiciais cabíveis em face deste triste episódio.

Por André Groh do O Municipio