Foto: Ricardo Stuckert / PR

Em encontro com representantes da comunidade científica, na manhã desta quarta-feira (12/7), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, reconheceu o papel da pesquisa para avanços importantes do Brasil em diferentes áreas do conhecimento. Lula apontou ciência, tecnologia e inovação como estratégicas para o país vencer os desafios de crescimento econômico com sustentabilidade. A atividade voltou-se à recomposição do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) e condecoração de pesquisadores com a Ordem Nacional do Mérito Científico.

“A ciência é aliada da vida e do desenvolvimento. O mundo todo vive uma encruzilhada histórica”, definiu o presidente. “E é nesse momento histórico que ela se faz mais necessária para o futuro do Brasil. Ao mesmo tempo em que precisamos combater a fome e a desigualdade, precisamos repensar totalmente as formas de produção que o mundo vem adotando desde os tempos da revolução industrial. O futuro da humanidade só será garantido a partir de novas ideias, de novas tecnologias, de muito mais ciência”, defendeu.

Para Lula, o desafio de crescer, gerar emprego e distribuir a riqueza entre a população passa por uma retomada da indústria em novas bases: mais limpa, mais intensiva em tecnologia e com baixa emissão de carbono. “É esse o caminho que precisaremos tomar. O caminho da ciência, da pesquisa e da tecnologia. E é ele que tomaremos”, afirmou, reforçando a urgência de a riqueza resultante do crescimento do país ser distribuída ao povo.

FIM DO NEGACIONISMO — Lula destacou investimentos já feitos na ciência e tecnologia neste ano e reiterou o compromisso de continuar fomentando o conhecimento e ouvindo o setor — em especial, por meio de conferências nacionais (que estão sendo retomadas no país). Contudo, para o presidente, o real significado do evento vai muito além de atos formais. “Estamos reunidos aqui hoje para dizermos, em alto e bom som: chega de obscurantismo. Basta de negacionismo. Chega de jogar cientistas às fogueiras – não mais aquelas da Idade Média, mas as que a mentira e o discurso de ódio acenderam na Internet e em grupos radicais de nossa sociedade”.

Antes de condecorar nomes como Ricardo Galvão, Adele Benzaken, Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, João Cândido Portinari, almirante Marcos Olsen e Luiz Pinguelli Rosa (in memorian), Lula assinou decreto de convocação da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que ocorrerá em junho de 2024 — depois de um hiato de 14 anos — tendo como secretário-geral o ex-ministro Sérgio Rezende.

Luciana Santos, ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, assinou a portaria nomeando Rezende para a função. Em seu discurso, ela anunciou que o Brasil tem oportunidade histórica de avançar na direção de um país inclusivo e sustentável, tendo em vista a recomposição do Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia, com R$ 100 bilhões para os próximos quatro anos. “Faremos isso investindo em projetos estruturantes em áreas estratégicas para o desenvolvimento nacional, recuperando e modernizando a infraestrutura de pesquisa do país e ampliando a qualificação dos nossos recursos humanos”.

A ministra ainda defendeu a redução dos juros para destravar os investimentos no setor e disse que a inovação deve ser o principal pilar da nova política industrial. “Acreditamos que a CT&I são instrumentos para geração de valor, de riquezas, de soluções para os desafios nacionais, de inclusão social e melhoria da qualidade de vida. A ciência existe para encontrar respostas para os nossos problemas. A ciência existe para cuidar e melhorar a vida das pessoas. É nisso que acreditamos e para isso estamos trabalhando”, sublinhou.

VALORIZAÇÃO DA CIÊNCIA — A condecoração a pesquisadores e cientistas teve especial simbolismo, visto que parte deles teve a comenda revogada pelo governo passado em decorrência de posicionamentos técnicos (enquanto outros se recusaram a receber as medalhas das mãos do ex-presidente).

A valorização que a ciência voltou a ter no Governo Federal foi reconhecida por diferentes cientistas. O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e ex-ministro, Renato Janine Ribeiro, disse que o Brasil foi resgatado das trevas. “A luta foi árdua, mas está trazendo frutos. Um deles é a restauração do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia que foi largado às traças pelo governo negacionista”, disse.

O ex-ministro convidou o presidente Lula para abrir a 75ª reunião anual da SBPC, que será realizada no fim do mês, em Curitiba (PR). Ribeiro entregou a Lula um abaixo assinado com 3 mil assinaturas, organizado pela comunidade científica, pedindo que o Brasil conceda asilo político ao jornalista americano Julian Assange.

“A ciência anda de mãos dadas com a ética. Por isso mesmo, nesse momento, simbolicamente nos unimos todos por um Brasil melhor, que recupere o tecido social esgarçado nesses últimos anos e proporcione aos nossos filhos uma vida de qualidade. Viva a ciência, viva a tecnologia”, ressaltou Ribeiro.

O ex-ministro Sérgio Rezende disse que a comunidade científica voltou a ficar animada com as medidas adotadas pelo governo, como o reajuste das bolsas de pesquisa e a recomposição do Fundo Nacional. “É uma grande satisfação estar num evento como esse em que a ciência voltou, que marca uma nova página da história do Brasil”. Rezende acrescentou que em Curitiba, na reunião da SBPC, começarão as tratativas para a Conferência. “A perspectiva é ter comunidade maior, mais experiente, cada vez contribuindo mais para o desenvolvimento da sociedade brasileira. Vai marcar época”, sugeriu.

Representando o setor da indústria, Leone Andrade, diretor de Ciência e Tecnologia da Federação das Indústrias da Bahia, declarou que o setor comemora os investimentos em educação, ciência, tecnologia e inovação. “É muito importante para que a gente trabalhe de forma integrada”, frisou, elogiando o plano de neoindustrialização do Governo Federal.

Luiz Fernandes, secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), disse que a reinstalação do CCT marca a “virada de uma página tenebrosa” da história do Brasil em que a negação da ciência, a intolerância com a liberdade de pesquisa e o colapso do investimento federal em desenvolvimento científico e tecnológico foram transformados em política oficial.

Fonte: Comunicação / Palácio do Planalto