Estudantes e representantes das 21 escolas com nota máxima no indicador foram reconhecidas em cerimônia, em Brasília. Todas são da Região Nordeste.
presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira, 4 de setembro, estudantes e representantes de 21 escolas que alcançaram nota 10 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (ldeb) 2023 — indicador essencial para medir a qualidade da educação do Brasil. O estado do Ceará teve 15 escolas com nota máxima; Alagoas, teve cinco, e Pernambuco, uma.
“O que vocês estão me trazendo aqui é o exemplo de que é possível a gente virar esse país de ponta cabeça e fazer da educação a coisa mais importante desse país. Nós queremos que o mundo inteiro saiba que crianças brasileiras estudam, vencem na vida e que o Nordeste não é mais símbolo do atraso. O Nordeste pode ser símbolo do desenvolvimento e da educação”, afirmou o presidente.
Lula enfatizou a importância de replicar em todo o país as ações desenvolvidas nas escolas que atingiram nota 10 no Ideb. “Agora, nós temos a tarefa de pegar o que acontece de fato dentro de uma escola como a de vocês, que motiva vocês a virarem nota 10. E o que acontece nas escolas de vocês, nós precisamos garantir que aconteça em todas as escolas desse país”, disse o presidente.
“O ideal é que a gente crie um sistema de funcionamento e de relacionamento que a criança levante de manhã tendo desejo, prazer e vontade de ir para a escola. A escola tem que ser um ponto de atração para que as crianças sintam vontade de ir”, complementou Lula. O presidente também pontuou que o papel de cuidar dos ensinos fundamental e médio é dos governos municipais e estaduais, respectivamente, cabendo ao Governo Federal cuidar do ensino superior. No entanto, salientou que seu governo tem preocupação com todos os níveis educacionais, da creche até a universidade.
PARCERIA — O ministro da Educação, Camilo Santana, destacou a importância do regime de colaboração com os estados e municípios. “As 21 escolas que tiraram 10 são todas do Nordeste brasileiro, são de Alagoas, Pernambuco e Ceará. Mas nós queremos que todos os estados do Brasil tenham também escola nota 10. Esse é o esforço em que nós estamos trabalhando”, declarou.
De acordo com o ldeb, o país alcançou 6 pontos nos anos iniciais do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano), atingindo a meta nacional estabelecida para o primeiro ciclo do indicador (2007-2021). Nos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano), o Brasil alcançou 5 pontos e o ensino médio registrou 4,3 pontos, ficando abaixo das metas do indicador para o país nessas etapas, que era de 5,5 e 5,2, respectivamente.
Considerando os resultados do indicador, Camilo Santana pontuou o problema do abandono escolar, ao citar que 68 bilhões de brasileiros não concluíram a educação básica, que vai até o ensino médio, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Por isso, nós criamos um programa de compromisso nacional de crianças alfabetizadas na idade certa. A experiência começou no Ceará, o que nos trouxe ao Ministério da Educação. E todos os estados já aderiram”, disse o ministro.
O programa abrange investimentos em material didático, formação de professores e em espaços de leitura. “Fizemos um pacto com governadores, com os prefeitos, para ver se até 2030 a gente pode chegar no mínimo a 80% das crianças no segundo ano do ensino fundamental totalmente alfabetizadas”, assinalou o presidente.
“Todos os estudos demonstraram que quando a criança aprende a ler e escrever na idade certa, garante a permanência dela na escola, reduz a distorção idade-série, reduz o abandono e a reprovação”, explicou Santana. Em outra ponta, para enfrentar os desafios do ensino médio, o Governo Federal investe em programas como o Pé-de-Meia, destinado a promover a permanência e a conclusão escolar de estudantes no ensino médio. A previsão é atender quase 4 milhões de alunos em 2024, com uma poupança de até R$ 9,2 mil ao longo de sua trajetória nessa etapa de ensino.
ALUNA DE ESCOLA NOTA DEZ — Ana Catarina Rodrigues Feitosa Siqueira, 10 anos, é aluna da Escola João Evangelista da Cruz, no município de Cruz, no Ceará. A escola, que registrava nota 6.0 no Ideb em 2011, alcançou a nota 10 em 2023. Ana Catarina diz que o sucesso da sua querida escola tem um ingrediente fundamental: o carinho dos professores ao ensinar as crianças. Emocionada, ela contou sobre a professora Ayla, uma de suas favoritas. “É uma professora muito importante, porque trata os alunos com carinho, entende a situação de cada um. Ao mesmo tempo, também é psicóloga, escuta nossas conversas e dá conselhos. É uma professora incrível. Ela sempre terá um lugar separado no meu coração, porque eu amo muito ela”, contou a aluna cearense.
Ana Catarina conta que as aulas começam às 7h e que, por isso, ela acorda bem cedo para embarcar no transporte escolar público. “Tenho que acordar às 5h para pegar o ônibus às 6h. Nossa rotina começa muito cedo. Quando a gente chega, temos um tempinho para ir ao banheiro, encher a garrafa de água, beber água. Depois, a gente começa a rotina de estudos. Eles são bem incríveis, as professoras, principalmente. E os professores, também. Depois vem o recreio, com o lanche, que é o momento para a gente descontrair um pouquinho. Aí, depois, vêm as últimas aulas. O pessoal já está mais cansado, mas a gente queria muito ficar o dia todo”, relatou.
A estudante complementa sobre a importância da escola em sua vida. “Eu, particularmente, ‘choro’ para ir para a escola, porque eu gosto muito do ambiente lá, eu me sinto confortável. É a minha segunda família. Eu gosto de tudo, eu adoro os professores e a gestão. É um pessoal incrível, estão sempre tratando a gente com carinho, sempre incluindo qualquer tipo de aluno. E gosto muito também das matérias. Eu tenho um professor, meu professor atual, que é o Lindomar. Ele é incrível, super atencioso. Nós temos a professora Vanessa, que é uma professora de português, ela é muito boa, gentil. Temos a professora Ailana, que é gente boa, interage e é brincalhona. É isso que eu mais gosto lá. Eu tenho orgulho de estar aqui representando a minha turma”, confessou Ana Catarina.
A diretora, Maria Solange de Carvalho, explica a fórmula do resultado da Escola João Evangelista da Cruz. “O grande diferencial da escola é que a gente tem o cuidado de não deixar nenhum aluno para trás. A gente tem uma parceria grande com a família e tem os nossos projetos de motivação. A gente tem o cuidado de chamar o aluno que não está avançando para o que chamamos de APP [Atendimento Pedagógico e Personalizado]. Além disso, há a questão do acolhimento e as ações motivacionais, para que os alunos sintam vontade de ir para a escola todos os dias. A gente faz premiações para os alunos. Tem um projeto que chamamos de #QuemFaltaFazFalta, pelo qual, semestralmente, chamamos as famílias e premiamos os alunos que não tiveram nenhuma falta durante o semestre, ou durante o mês. A cereja do bolo é o professor que realmente veste a camisa, que quer fazer a diferença em querer dar o melhor para os seus alunos, ter um carinho muito grande por eles. O acolhimento faz a diferença”, resumiu.
INDICADOR – O Ideb é composto por dados referentes à aprovação dos estudantes (fluxo escolar) e às médias de desempenho nas avaliações. É calculado a partir do Censo Escolar e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Varia de 0 a 10, de modo que quanto melhor o desempenho dos alunos e mais alto o número de aprovados, maior é o Ideb.
O indicador foi criado em 2007, mesmo momento em que se estabeleceu o “Compromisso Todos pela Educação” (Decreto nº 6.094/2007), com metas a serem atingidas por cada estado brasileiro, pelo Distrito Federal e pelos municípios, bem como resultados projetados para cada unidade escolar. O primeiro ciclo do Ideb se encerrou em 2021. Em janeiro de 2024, o Inep instituiu um Grupo Técnico, o GT Novo Ideb, com o objetivo de elaborar um estudo técnico para subsidiar o MEC na atualização do Índice e de novas metas.
Comunicação | Palácio do Planalto