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Três mulheres, o mesmo drama e a luta pela vida foi ressignificada, ganhando um sentido ainda maior de superação, desafio, enfrentamento e empoderamento. 

Luciane, Suzana e Guerline foram vítimas do câncer de mama, uma doença silenciosa que trouxe marcas e cicatrizes em suas almas. Ao saber da doença, os sentimentos que emanam são complexos. Primeiro, a negação, acompanhada do medo, da incredulidade e do choque. Depois, vem o sentimento de lutar pela vida e buscar a vitória.  

Essas três mulheres são rostos de um dado preocupante que coloca Santa Catarina como o estado com maior taxa de incidência de câncer de mama no Brasil, com 74,79 casos para cada 100 mil mulheres, de acordo com o Ministério da Saúde. No país, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo de câncer mais frequente em mulheres, após o câncer de pele. Para o Brasil, foram estimados 73,6 mil novos casos em 2024, com um risco de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. É relativamente raro antes dos 35 anos, mas acima desta idade a incidência cresce progressivamente, especialmente após os 50 anos. O Ministério da Saúde afirma que cerca de 17% dos casos podem ser evitados por meio de hábitos de vida saudáveis.  

Momento transformador
Foi com 51 anos que a deputada Luciane Carminatti (PT), uma das vozes femininas mais atuantes do Parlamento, descobriu que enfrentaria a sua principal batalha: lutar pela sua vida.  O divisor de água para ela foi quando recebeu o diagnóstico de um câncer de mama em 2021 e fez da dor da descoberta um momento transformador.  “Descobri que o que tem de mais revolucionário é a vida”, disse, confessando que ficou em choque quando descobriu o câncer.

“Sempre me cuidei, fiz os exames todo ano. Você leva um choque, porque pensa “Não pode ser comigo isso, faço mamografia todo ano. Como é que agora descubro que tenho dois nódulos na mama esquerda?”, questionou.  Do alto de sua perplexidade, ao saber da doença  ela comentou um sentimento comum compartilhado entre as mulheres. “Tem uma coisa que fui descobrindo, e que as mulheres passam. Primeiro, é a negação da doença. Você não quer falar disso. Não me sentia inteira para dar conta do que as pessoas esperavam que eu falasse sobre isso naquele momento. É uma  fase”, confessou. “Meu filho era bem menor. Hoje ele tem 11 anos, ele tinha 8 para 9 anos. Eu fiquei pensando como é que eu vou contar para o meu filho, como que eu vou contar para minhas filhas? Como que eu vou contar para minha mãe que tem mais de 80 anos que eu tô com câncer?

Depois, ao receber mensagens de apoio,  decidiu falar a respeito. “A minha cabeça estava conflituosa entre esses dois momentos: tenho que me cuidar, sou deputada, tenho responsabilidades. Consegui falar quando percebi o acolhimento público, milhares de mensagens de apoio, as pessoas diziam ” teu nome está em minhas orações”. 

Lutou pela vida e venceu.  Luciane dá um recado  para que as mulheres enfrentem os medos. “Acho que sou outra mulher, mas com tudo o que fui e com tudo o que descobri nessa tentativa de também dar força para as mulheres. Estou enxergando mais o feminino por trás de cada sofrimento”, afirmou.

Rede de apoio
A jornalista Susana Rigo, 49 anos, compartilha os mesmos sentimentos da deputada Luciane Carminatti. Ela ficou em estado de choque quando foi diagnosticada com câncer de mama há oito anos e confessa que foi uma barra.  “Sempre fiz os exames, sempre cuidei de minha saúde e é fundamental o diagnóstico precoce”, aponta.

Ela confessou que todo o processo de enfrentamento da doença é um martírio. “Sentimentos conflitantes. Você se sente  péssima. Mas, graças a Deus, eu tive o acolhimento da família e de amigos no trabalho.  Desde a  descoberta até se passar os cinco anos do fim do tratamento é que você respira aliviada e diz:  Meu Deus, eu estou curada”.

Para a jornalista, foi fundamental essa rede de acolhimento para vencer a guerra contra o câncer de mama. “Toda mulher precisa ter uma rede de apoio.  Pois essa situação gera uma certa ansiedade, provoca um  impacto muito grande na auto estima das mulheres”, afirmou. 

A negação
Há dez anos no Brasil, a haitiana Guerline Paul Joseph, 45 anos, compartilha o mesmo sentimento das mulheres diagnosticadas com essa doença. A sua primeira reação ao saber que estava com câncer foi de negar a doença.  

Emocionada, fala que ainda está em tratamento e que busca em Deus forças para seguir em frente. “Minha experiência com o câncer de mama é intensa. Eu nunca imaginei que poderia ter essa doença”, revela ela que descobriu a enfermidade em 2020.  “Eu fiquei apavorada”, revelou.

Ainda em tratamento, ela conta os anos para receber o diagnóstico da cura definitiva. “É um processo longo, ainda tenho três anos de tratamento ”, informou, que está tendo acompanhamento médico tanto no Cepon como no Hospital Carmela Dutra.   

Credita ao seu marido, o apoio e acolhimento. “Ele sempre falou para mim para olhar para frente, porque a vida não é fácil, porque todo mundo tem uma dificuldade. Ele sempre me dá força, me dá a nossa energia”, afirmou.  

Legislativo, presente
Comprometido com essa causa em prol da saúde das catarinenses, o Parlamento lidera iniciativas que impactam na prevenção do câncer de mama. No mês que o rosa dá o tom para provocar essa onda de conscientização do Outubro Rosa, o Parlamento instituiu, por exemplo, já em 2000 a  Lei nº 11.514, de 28 de agosto que inclui a Semana de Prevenção ao Câncer de Mama no calendário oficial do estado . Treze anos depois, outra ação legislativa se transformou na lei nº 16.028, de 21 de junho de 2013, que priorizou a prevenção do câncer de mama e do colo do útero, entre outras ações preventivas à saúde da mulher.

Resgatar essas leis é reassumir a importância da prevenção dessa doença  que pode ressignificar a vida de uma mulher, dando novo sentido de superação e desafios. 

O Outubro Rosa na vida das mulheres,  é um movimento mundialmente conhecido que traz luz para a  prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama. Durante todo o mês de outubro são realizadas diversas ações, como palestras, caminhadas, iluminação de monumentos e ações nas redes sociais.

O hall do Parlamento ganhou cores rosa, com uma iluminação de luzes nesse tom, para destacar a importância da prevenção para o câncer de mama.  Ainda em parceria com o Tribunal de Justiça, o Parlamento apoiou o evento Outubro Rosa, uma palestra com o médico Victor Paviani, que abordou a importância da prevenção e do diagnóstico precoce para a cura do câncer de mama.

Valquíria Guimarães
Agência AL