presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, conversou com jornalistas em Adis Abeba, na Etiópia, neste domingo, 18 de fevereiro, antes de embarcar para o retorno ao Brasil, após cinco dias no continente africano. Durante a coletiva de imprensa, Lula falou sobre a relação entre o Brasil e os países da África, destacando a importância da viagem e dos encontros bilaterais com os líderes dos países africanos.
“Para mim, essa é uma das viagens mais importantes que eu fiz. E certamente, de todas que farei, essa continua sendo uma reunião extremamente importante, porque eu pude falar para quase que a totalidade dos países africanos de uma única vez”, justificou o presidente. Durante a visita à Etiópia, Lula participou da cerimônia de abertura da 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana e participou de quatro reuniões bilaterais com chefes de Estados do continente.
Na declaração à imprensa, o presidente também destacou a importância histórica, cultural e econômica das raízes do Brasil com a África. “Primeiro, porque eu tenho claro — e gostaria que o Brasil tivesse claro — de que nós temos que ter uma relação preferencial com o continente africano. Não só porque o continente africano faz parte da nossa história, da nossa cultura, do nosso jeito de ser, do nosso jeito de falar, do nosso jeito de cantar, faz parte da nossa cor, mas também porque o continente africano é um espaço extraordinário de futuro para quem acredita que o Sul Global vai ser a novidade do século XXI na nova economia mundial”, defendeu.
O presidente Lula começou a visita pelo Egito — participando da sessão extraordinária da Liga dos Estados Árabes, no Cairo — e de lá seguiu para a Etiópia, acompanhado dos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Anielle Franco (Igualdade Racial), Silvio Almeida (Direitos Humanos e Cidadania), Vinícius Marques de Carvalho (Controladoria-Geral da União), e do assessor-chefe adjunto da Assessoria Especial, Audo Faleiro.
SUL GLOBAL — O presidente Lula também enfatizou a visão de que o Brasil e a África agora fazem parte da economia do Sul Global e de que esses países possuem recursos e potenciais necessários que contribuem na economia mundial. “Agora somos a economia do Sul Global e queremos nos dar uma chance para que a gente faça com que o Sul Global (que tem parte do que o mundo precisa hoje) possa ocupar o seu espaço na economia, na política e na cultura mundial”, sustentou o presidente.
O termo Sul Global se refere a países que compartilham características políticas, geopolíticas e econômicas e é responsável por metade do PIB mundial e um dos principais motores de crescimento econômico global.
Além disso, o presidente Lula ressaltou a importância do BRICS como uma oportunidade para fortalecer a influência do Sul Global. O presidente acredita que é possível incluir outros países africanos no BRICS, bem como no G20. Lula afirmou que o BRICS é “uma oportunidade excepcional”. Para ele, é possível trazer outros países da África para o BRICS. “Achamos que é possível outros países da África participarem do G20, mas nós estamos apenas começando”.
GRUPO DOS 20 — Ao responder a perguntas de jornalistas, Lula também falou sobre a importância de discutir, ainda durante as reuniões do G20, que ocorrem no Brasil em 2024, o funcionamento das instituições financeiras globais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Para o presidente, “África é uma parte do mundo que pode crescer muito e os países ricos precisam acreditar no investimento que tem que fazer no continente africano”.
“As pessoas precisam saber que nós queremos discutir muito o funcionamento das instituições financeiras e eu estou muito à vontade para falar isso. Então queremos discutir isso no G20. Vamos convidar os economistas mais importantes do mundo para fazer essa discussão, porque nós precisamos disso”, enfatizou o presidente.
Em outra linha, Lula também defendeu a entrada de mais países no Conselho de Segurança da ONU. Na sua avaliação, a Organização não acompanhou a mudança na geopolítica atual e é necessário debater a questão. “O mundo é outro, então nós precisamos fazer com que haja uma representação mais robusta de mais países. Por isso aqui nós defendemos a entrada, pode ter três países da África, pode ter dois da América Latina, pode ter a Índia, pode ter a Alemanha, pode ter o Japão. Precisamos colocar mais gente e acabar com o direito de veto na ONU, porque não é possível que um país sozinho possa vetar a aprovação de uma coisa aprovada por todos os membros”, lembrou.
NOVO MUNDO — Ao falar sobre a contribuição do Brasil e sobre a construção de um novo mundo onde a África possa retomar o crescimento, o presidente citou o programa federal Mais Alimentos, que fomenta a produção de alimentos e incrementa a produtividade da agricultura familiar, com financiamento e assistência técnica. Segundo Lula, será discutida a expansão do programa tanto para a América Latina quanto para o continente africano.
“E o Brasil, humildemente, quer trazer para a África aquilo que nós podemos trazer, a experiência do sucesso da agricultura brasileira. Vamos discutir para ver se a gente pode estender o programa Mais Alimentos para o continente africano, para o continente latino-americano, ou seja, para que os países possam comprar máquinas e implementos agrícolas mais barato, com o financiamento mais longo, para que a gente possa aumentar a produção agrícola dos pequenos e médios produtores”, adiantou.
Fonte: Comunicação | Palácio do Planalto