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Investing.com — Os preços do petróleo dispararam novamente para mais de US$ 100 por barril na quinta-feira, após autoridades ocidentais e russas minimizarem rumores de progresso nas negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia. 

Um porta-voz do Kremlin disse que as notícias afirmando um progresso sólido estavam “erradas”, enquanto oficiais dos EUA apontaram para informações de inteligência mostrando que a Rússia estava ampliando sua campanha aérea e de artilharia no sul do país, além de deslocar reforços do Extremo Oriente e do Cáucaso. Autoridades ucranianas, por sua vez, repetiram que não considerariam ceder território para acabar com a guerra, uma exigência fundamental da Rússia, que almeja o reconhecimento da sua anexação da Crimeia em 2014 e das repúblicas separatistas que patrocina no leste da Ucrânia. 

Às 14h20 (horário de Brasília), os futuros do petróleo WTI, negociado em Nova York, e referência de preços nos EUA, subiam 8,05%, a US$ 102,70 por barril, enquanto os futuros do Brent, cotado em Londres e referência mundial de preços, apresentavam alta de 9%, a US$ 106,81 por barril.

O mercado continua a ser vítima de oscilações radicais de preços devido à perda de liquidez do mercado de futuros, à medida que os players financeiros fogem do aumento da volatilidade observado nas três semanas desde a invasão. O interesse aberto combinado nos contratos do WTI e do Brent está atualmente no menor nível desde 2016.

Neste contexto, o mercado ainda segue digerindo os alertas da Agência Internacional da Energia feitos na quarta-feira, de que cerca de 3 milhões de barris diários em produção russa poderiam ficar represados a partir de abril, devido à dificuldade em encontrarem compradores. As grandes empresas de petróleo do ocidente, como a Shell (LON:RDSa) e a BP (NYSE:BP), afirmaram que deixarão de comprar petróleo bruto russo, enquanto vários outros compradores tentam encontrar fontes alternativas a fim de evitar o risco de violar acidentalmente as sanções dos EUA. Por outro lado, os planos da Índia de contornar as medidas do Ocidente por meio da compra por meio de divisas diferentes do dólar ainda estão em fase embrionária. 

Segundo a agência de notícia russa RIA Novosti, Vagit Alekperov, CEO da Lukoil, disse que ainda esperava evitar quedas na produção este ano, destacando que a atividade de perfuração da sua empresa apresentava alta de 5% no ano até agora em 2022.

Talvez mais importante, os governos ocidentais ainda não conseguiram quebrar a unidade do bloco OPEP+ e extrair mais petróleo do Golfo Pérsico, em substituição aos barris russo que provavelmente serão perdidos. Na quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos afirmou, após uma reunião com seu colega Sergey Lavrov, da Rússia: “É importante manter a estabilidade dos mercados de energia e de alimentos”, sem assinalar nenhum desvio do ritmo de aumento da produção acordado pelo bloco. Isso é importante porque os EAU, que têm muita capacidade de reserva, vem demonstrando repetidamente irritação com a lentidão do incremento da produção ao longo dos últimos seis meses.

Os preços também tiveram o apoio de evidências sugerindo que os lockdowns da China para conter os últimos surtos de Covid-19 podem não ser tão severos como os vistos dois anos atrás, e desse modo, seria possível evitar a repetição da interrupção súbita do consumo de combustíveis testemunhada naquela época. O Japão, país vizinho, disse mais cedo na quinta-feira que suspenderia a maior parte das restrições restantes sobre a vida econômica com a diminuição da onda de inverno da Covid. E nos EUA, os dados divulgados na quinta-feira mostraram bastante robustez econômica, com a produção industrial crescendo ao maior ritmo em quatro meses e os pedidos iniciais de auxílio-desemprego retomando sua tendência de queda. Os inícios de novas construções residenciais e licenças de construção também foram mais pujantes que o esperado.

Com informações Investing.com