No primeiro dia do mês de abril de 2023, um incêndio ocorrido na Praia do Sonho, em Palhoça, devastou uma grande área de vegetação pertencente ao Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, maior unidade de conservação em terras catarinenses. O fogo consumiu uma área superior a 800.000 m², algo equivalente a 80 campos de futebol.
As imagens aéreas captadas pela equipe pericial dão uma ideia do tamanho dos prejuízos causados ao meio ambiente, principalmente, considerando as muitas espécies importantes de fauna e flora ali presentes. Naquele dia, o Corpo de Bombeiros Militar levou cerca de 19 horas até conter o fogo, que chegou bem perto de área residencial no entorno do parque.
Passado um mês desde o ocorrido, a Polícia Científica realizou nova diligência até o local para confirmar a extensão dos danos ambientais causados e mensurá-los monetariamente. O perito criminal Luciano Ribeiro da Costa explica que esse é um processo fundamental desempenhado pela Polícia Científica, especialmente, para garantir o ressarcimento no caso de ação criminosa.
“Logo depois de contido o incêndio, a Perícia Oficial precisa monitorar e mapear o tamanho da área afetada pelo fogo, de modo a registrar a extensão dos danos causados. Além de determinar o impacto ambiental, esses dados permitem avaliar o dano econômico”, destaca.
Trabalho pericial
Assim que acionada, a equipe de perícia ambiental da Superintendência Regional de Polícia Científica em Palhoça se deslocou até o parque para iniciar os procedimentos de local de crime. É importante destacar que o trabalho da Perícia Oficial é sempre direcionado à investigação criminal feita pela Polícia Civil.
Inicialmente coube aos agentes observar a cena, fotografar a área afetada e coletar os vestígios que pudessem auxiliar nas investigações. Também foi necessário monitorar o tamanho da área afetada pelo fogo, para avaliar o risco potencial sobre as residências próximas.
Segundo o perito Luciano Costa, o processo de observação da área afetada é extremamente importante. Por exemplo, quando se detecta quais partes do terreno foram queimadas com mais intensidade, em relação a outras menos afetadas, se torna possível entender a dinâmica do incêndio. Os dados coletados também ajudam na elaboração de estratégias para o futuro.
Outra questão crucial diz respeito à coleta de vestígios que possam indicar a origem. Isso inclui pedaços de madeira queimada, cinzas, plantas e qualquer outro objeto que pudesse ajudar na investigação da causa do incêndio e na identificação de possíveis responsáveis.
Defesa ambiental
A perita-geral da Polícia Científica, Andressa Boer Fronza, destaca que o órgão mantém equipes dedicadas a perícias ambientais em todo o estado, assim, é possível identificar e avaliar eventuais danos causados por intervenções humanas, como desmatamento, incêndios e outras atividades ilegais.
“É importante ressaltar que as perícias ambientais permitem a coleta de evidências e a produção de laudos técnicos que podem ser utilizados como provas em processos judiciais relacionados à proteção do meio ambiente. Com essa iniciativa, a Polícia Científica reafirma seu compromisso com a preservação ambiental”, afirma.
Embora o prejuízo ambiental causado ainda esteja em fase de cálculo e avaliação, com base nos vestígios levantados é fato que o incêndio na região causou danos significativos, afetando a biodiversidade e serviços ecossistêmicos, como a regulação do clima e a purificação do ar e da água.
Nesse sentido, se torna fundamental que sejam realizados esforços para minimizar os impactos do incêndio e promover a recuperação ambiental da região afetada. Ações como o plantio de mudas, a recuperação de áreas degradadas e a promoção da educação ambiental podem contribuir para a recuperação dos ecossistemas, bem como a redução dos impactos ambientais causados por incêndios e outras atividades humanas.
Fonte: Secom