Foi um dia marcado por conversas profundas e provocativas. O South Summit reuniu mentes inquietas e olhares voltados para o futuro. O evento, mais uma vez, mostrou que falar de inovação é também falar de gente — das necessidades reais do mundo e das transformações que começam dentro das empresas, mas que reverberam na sociedade.
Logo pela manhã, a palestra The Next Big Thing: Trends for 2025 abriu os trabalhos com uma leitura clara sobre os caminhos que já estão moldando o ecossistema de negócios e tecnologia. O foco foi apontar tendências que não são mais só previsões — são movimentações concretas exigindo ação no agora. Escalabilidade e internacionalização surgiram como pilares fundamentais para empresas que querem crescer de forma estruturada e com visão global. Ter um bom produto ou serviço já não é suficiente. É preciso pensar grande, com estratégia e preparo para sair da zona de conforto e competir fora da bolha local.
Os setores emergentes também ganharam holofote: saúde digital, impacto social e negócios verdes mostraram que empresas promissoras são aquelas que conseguem alinhar inovação e sustentabilidade — olhando para o planeta e para as pessoas com a mesma atenção que dão ao resultado financeiro. Aqui, sustentabilidade não é um diferencial. É base.
A tecnologia segue sendo peça central na transformação dos mercados. Inteligência Artificial, Realidade Aumentada, Realidade Virtual e o Metaverso estão cada vez mais integrados ao dia a dia de setores como educação, varejo, saúde e serviços. A mensagem foi direta: quem ainda não está testando, estudando ou aplicando essas ferramentas está ficando para trás.
Outro ponto de destaque foi a valorização do empreendedorismo feminino, com crescimento expressivo em áreas como e-commerce e cibersegurança. A diversidade no topo começa, enfim, a se consolidar como vantagem competitiva real — e não apenas como bandeira. Quando mulheres ocupam espaços estratégicos, todo o ecossistema se fortalece.
Além do Marketing
Na sequência, João Branco (ex-vice-presidente do McDonald’s Brasil) provocou a plateia com uma pergunta que ficou no ar:
“E se sua marca acabasse hoje, que falta ela faria para as pessoas?”
Na palestra Beyond Marketing: How to Build a Brand People Truly Love (Além do Marketing: como construir uma marca que as pessoas realmente amem), ele convidou o público a pensar além dos rótulos tradicionais de branding. Conhecer seu produto é essencial — mas não é suficiente. Segundo João, uma marca precisa entender de pessoas: conhecer seus desejos, seus valores, seus medos, suas escolhas.
Quem é o seu cliente? Quem compra o que você vende? E o que sua marca faz, de fato, por essas pessoas?
João Branco reforçou que o verdadeiro diferencial de uma marca está em se conectar com o outro de forma profunda, genuína e autêntica. Foi uma verdadeira aula sobre marcas que nascem de dentro para fora, com escuta ativa, empatia e propósito.
IA
A palestra de Patrícia Knebel, apresentada pelo Sebrae RS, colocou a Inteligência Artificial no centro do debate — mas sem hype. Com o tema AI: From Hype to Real Business Impact, Patrícia trouxe exemplos concretos de empresas que já estão usando IA com resultados práticos: otimizando processos, melhorando experiências e impulsionando crescimento.
Mais do que automatizar, ela reforçou a importância de pensar estrategicamente e aplicar tecnologia com propósito, alinhada aos valores da empresa. E deixou um alerta importante: adotar IA apenas porque “todo mundo está fazendo” é um erro. É preciso entender o impacto, ter clareza de objetivos e, acima de tudo, garantir que a tecnologia esteja a serviço das pessoas — e não o contrário.
Empatia
Para fechar o dia com emoção, Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho do Magalu, subiu ao palco com a força de quem fala com o coração. Ovacionada pela plateia, ela falou com orgulho do povo gaúcho, da coragem diante das dificuldades e do papel de cada um na reconstrução do Rio Grande do Sul.
Em um discurso potente, falou sobre liderança de verdade — aquela que olha nos olhos, se coloca no lugar do outro e entende que o impacto de uma empresa vai muito além do lucro. Trouxe à tona o valor da ação coletiva, da empatia e da responsabilidade social, lembrando que o que realmente move o Brasil são as pessoas.
O segundo dia do South Summit foi, acima de tudo, um convite à reflexão. Sobre o nosso papel como líderes, como marcas e como cidadãos. Sobre a coragem de inovar com consciência — e a sensibilidade de construir juntos.
E, principalmente, sobre o poder das conexões reais em um mundo cada vez mais digital.
Texto: Thaise Corrêa | D/Araújo