“As dificuldades dos autistas são invisíveis porque são dificuldades de ordem sensorial, de ordem de comunicação, em que muitas vezes a expressão destas dificuldades pode parecer aos olhos de um leigo, de um desconhecido, um problema de comportamento, de ordem da educação, como se ele fosse um mal educado ou que esteja com birra, por isso ainda temos desafios importantes pela frente, apesar dos avanços com as redes sociais, que permitiram que os autistas pudessem se expressar e ser mais ouvidos.” Esse foi o teor das palestras que a psicóloga com especialização em Intervenções Precoces no Autismo, Ana Carolina Wolff Mota, apresentou nesta quinta-feira (23), em Tijucas, no “Transtorno do Espectro Autista – conhecer para incluir”. Mais de 450 profissionais da área da educação do município lotaram o auditório do Anfiteatro Leda Regina de Souza.
A psicóloga, que atua em Joinville e há mais de 30 anos trabalha com autismo, reforça que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno neurobiológico e se caracteriza, de maneira básica, na dificuldade de interação e comunicação social, e em uma resposta sensorial atípica (exemplo: intolerância a certos barulhos, ou dificuldade de aceitar texturas e cores). “Quando se fala de inclusão social há ainda muito a superar em relação ao autismo. Um dos principais desafios está em fazer que as pessoas entendam que o autismo não é tão evidente ou não aparecer num primeiro olhar. O autismo é uma forma diferente de ser, de estar no mundo. É mais um jeito de expressão na nossa sociedade. São pessoas como todas as outras, mas, tal como todos, são diferentes entre si. Conhecer o autismo é aceitar a pluralidade que existe de ser e de existir”.
O Seminário foi promovido pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa, em parceria com a Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, atendendo solicitação da Secretaria Municipal da Educação. No evento, a psicóloga abordou os temas: Autismo, suas características, aprendizagem e o desenvolvimento na visão do autismo pela perspectiva do neurodiversidade e no período da tarde sobre a inclusão social/escolar: princípios pautados nos direitos humanos e no modelo social da deficiência.
Mais conhecimentos
O prefeito de Tijucas, Elói Mariano Rocha (PSD), destacou a importância do evento realizado no município e a parceria com a Assembleia Legislativa em promover o seminário. “Eu que atuou há mais de 40 anos como professor e sempre convivi com essa situação do autismo em salas de aula e, hoje, no pós-pandemia, fica claro que está se exigindo muito mais conhecimento científico para a área do TEA.”
Ele salienta que cada vez mais é exigido aos profissionais da área de educação mais conhecimentos sobre o autismo para que se possa desenvolver uma educação de qualidade. “É um tema sensível, há uma preocupação e nós temos que buscar mais conhecimentos científicos e chamar a sociedade para debater o tema”, defendeu.
Fonte: Ney Bueno / Agência AL