O bombardeio russo contra Mariupol impediu, nesta quinta-feira (10), que um comboio humanitário chegasse à cidade ucraniana sitiada, reduzindo as esperanças de retirar civis da localidade, disseram autoridades locais.
Moradores da cidade portuária no Mar Negro tentam, há mais de uma semana, proteger-se dos ataques e estão sem energia elétrica ou água. Vivem em Mariupol mais de 400 mil pessoas, e as tentativas de acertar um cessar-fogo local e uma passagem segura para fora da cidade falharam várias vezes. E parece que outro “corredor humanitário” também não deu certo nesta quinta-feira, um dia depois de um bombardeio contra um hospital na cidade que, segundo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, matou dois adultos e uma criança.
“As bombas estão atingindo casas”, disse a Câmara Municipal de Mariupol, em mensagem online publicada no momento em que diplomatas ucranianos e russos negociavam na Turquia. Segundo a Câmara Municipal, uma universidade e um teatro também foram atingidos, mas o número de mortos não foi informado.
A Rússia, que invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, nega estar mirando civis.
Pedro Andrushenko, assessor do prefeito de Mariupol, disse à Reuters que aviões russos estão tentando atingir rotas usadas por comboios que transportam auxílios humanitários para entrar na cidade, e pelas quais os ônibus estão sendo preparados para retirar pessoas da região.
“Tentamos, e tentamos, e tentamos, mas não tenho certeza se será possível hoje – ou nos outros dias”, disse Andrushenko, por telefone.
“Os ataques aéreos começaram de manhã. Ataque aéreo atrás de ataque aéreo. Todo o centro histórico está sendo bombardeado”, acrescentou o assessor do prefeito de Mariupol. Andrushenko disse que o bombardeio continuou “sem intervalos, sem pausas”, atingindo casas e prédios em rotas de retirada de pessoas. “Eles querem apagar nossa cidade, apagar nosso povo. Eles querem interromper qualquer retirada”, afirmou.
Por Pavel Polityuk – Repórter da Agência Reuters – Lviv (Ucrânia)